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Quem manda no governo: a presidente da República ou o PMDB?

Toda a briga de Funasa, Dnocs, Sudene, essa sopa de letrinhas que forma a administração federal, é uma

Do Diário do Grande ABC
29/01/2012 | 00:00
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Toda a briga de Funasa, Dnocs, Sudene, essa sopa de letrinhas que forma a administração federal, é uma queda de braço para saber quem manda; os caciques regionais peemedebistas, que controlam boa parte da bancada governista, ou a presidente Dilma Rousseff, que tem a caneta que nomeia, demite e dá verbas, edita o Diário Oficial da União e goza de amplo apoio do eleitorado. A bancada do PMDB não controla a caneta nem edita o Diário Oficial, mas pode causar um monte de problemas - por exemplo, aprovar projetos que criem novas despesas e multipliquem as dificuldades de Dilma para governar o país.

Quem ganha? Depende: os parlamentares do PMDB podem seguir a orientação de seus líderes, enfrentar Dilma, tentar dominar totalmente o governo e correr o risco de ficar a pão e água, caso a presidente vença a queda de braço. Mas é preciso lembrar que Suas Excelências são vulneráveis a determinadas gentilezas que só o governo pode proporcionar, e talvez a adesão à tese do enfrentamento não seja tão maciça assim. Nesse caso, o partido teria de aceitar o que o governo lhe oferecesse. Conhecendo o partido, pode-se dizer que para seus integrantes um pouco é melhor do que nada. Além disso, mesmo com a fartura da mesa oficial, muita gente não degustou o que esperava. É um grupo que potencialmente pode apostar na mudança, confiante em apoderar-se de pelo menos uma parte do que era destinado aos favoritos de ontem. A briga é boa. E a decisão demora.

TIRO AO ALVO

A lista de apadrinhados que caiu ou está na fila é grande: Elias Fernandes, diretor-geral do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas, indicado e sustentado por Henrique Alves, líder do PMDB na Câmara, já caiu. Flávio Britto (PMDB), superintendente da Fundação Nacional da Saúde, indicado pelo governador André Puccinelli, do Mato Grosso do Sul, não apenas caiu como foi substituído por um petista. O superintendente da Sudene, Paulo Sérgio Fontana, apadrinhado pelo deputado baiano Geddel Vieira Lima, e o diretor da Transpetro, Sérgio Machado, indicado pela cúpula do PMDB, estão na linha de fogo. Vão cair outros diretores da Petrobras, e a nova presidente da empresa, Graça Foster, já deixou claro que não dá a menor bola para seus partidos.

A LEI, ORA A LEI

O que é que o presidente da Câmara Federal, Marco Maia (PT-RS) faz na Alemanha? Ele viajou em segredo no dia 22 e só deve voltar amanhã - e violou a norma segundo a qual o presidente da Casa, ao ausentar-se por mais de 48 horas, tem de passar o cargo ao vice-presidente - no caso, a deputada Rose de Freitas (PMDB-ES). Por que viajou? Por que o segredo? Deve ser um motivo forte: violar as normas internas da Câmara pode dar processo por falta de decoro.

NÓS E ELES

As autoridades assistiram à ocupação no Pinheirinho durante anos e nada fizeram. Depois que deixaram 6.000 pessoas sem teto, prometeram unir esforços para ajudá-las. Mas não agora, claro: Estado, União e prefeitura deveriam reunir-se na sexta, para discutir o que fazer. Mas todos estavam ocupados com seus problemas e a reunião ficou para a semana que vem, se tudo der certo. Gente sem teto não pode ser impaciente: por que não esperar mais um pouco?

ELES E NÓS

Quem não espera são os amigos. Lembra da Delta, aquela empreiteira cujos aviões levavam a família do governador fluminense Sérgio Cabral para seus passeios? Pois a Delta já recebeu R$ 2,8 bilhões do Governo Federal por obras do PAC. Desde 2007, a Delta foi a primeira colocada em recebimentos federais todos os anos, menos em um. E sempre se comportou muito discretamente: se não fosse aquele horrível acidente em Porto Seguro, que gerou até a separação temporária de um famoso casal, a gente nem teria ouvido falar dela.

ECOLOGIA LUCRATIVA

No Estado de São Paulo, um acordo entre governo e supermercados aboliu as sacolinhas plásticas que embalavam as compras. Aboliu, não: trocou-as por outras, cobradas à parte (sem que haja qualquer desconto pelas que deixaram de ser entregues). O argumento é ecológico: menos plástico, menos poluição. Só que as novas sacolas também são de plástico; e as garrafas PET, aquelas que aparecem aos milhares em qualquer foto de enchente, continuam permitidas (garrafas retornáveis, nem pensar). As sacolinhas de supermercados eram usadas no mínimo duas vezes: uma como embalagem, outra como saco de lixo. Agora, será preciso comprar saquinhos de lixo - de plástico, claro - que serão usados só uma vez. Mas há quem apoie a medida: os supermercados, por exemplo, estão exultantes.




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