Cultura & Lazer Titulo Música
O tempo e a voz da sensibilidade
Por Thiago Mariano
Do Diário do Grande ABC
28/04/2012 | 07:03
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Divulgação


Um samba fino, uma intérprete visceral e a voz do tempo soprando a favor de um caminho mais suave no qual a energia não se dissipa e tampouco é economizada, tudo concentrado no palco, é a força que Fabiana Cozza leva a São Caetano amanhã, às 19h. A cantora faz show gratuito no Teatro Santos Dumont.

Com disco novo recém-saído do forno, Fabiana traz um leque de novidades, se divide entre relíquias do samba antigo e aponta pelas trilhas que rumará no próximo trabalho. "Além de composições do disco novo e canções do passado, apresento algumas músicas que compõem meu futuro trabalho, como 'Le Mali Chez La Carte Invisible', do meu amigo baiano Tiganá Santana e uma releitura de 'Caxangá', de Milton Nascimento e Fernando Brant", diz a cantora.

Fabiana, cujo último post que fez no blog que mantém em seu site (www.fabianacozza.com.br) versava sobre os efeitos do tempo em sua vida, conta que hoje, aos 36 anos, o tempo ganha outra dimensão, e que isso altera até sua persona artística.

"O tempo está mais largo e por isso me sinto mais livre para fazer as coisas. Quando se é muito jovem - me refiro aos 20, 20 e poucos anos - a ansiedade em produzir e colher os frutos do que se trabalhou é gigante. O tempo - e no candomblé Tempo é uma divindade - nos ensina a pausar e respirar melhor. A música sempre agradece esse tratamento", diz ela, que completa: "Deixei para trás o que não me pertence mais."

PARA FUGIR DO ÓBVIO
Vida nova, disco lançado de forma corajosa e independente, a intérprete conta que se pautar pelo seu próprio caminho artístico também é um fruto colhido depois da maturidade. "Acho que neste disco pude explorar a intérprete à qual me dedico a ser. Faz parte da minha maturidade fazer um disco por necessidade artística e criar pouca ou nenhuma expectativa pensando no mercado que está aí. Até porque este mercado, e grande parte da imprensa, não tem ouvidos para a boa música nem sabe o que isso significa mais, tamanha a quantidade de descartáveis jogados no mercado", alfineta.

Uma saída tem sido frequentar mais as rodas de samba, onde, segundo ela escreveu em seu blog, "o sorriso é de graça, o abraço é sincero, a comida é partilhada e o samba... ai, não preciso nem dizer."

O resultado é que o tempo não é só senhor da razão, mas também do coração. "A roda de samba me ensinou a conhecer melhor a música, a fazer amigos, a me divertir com o que eu faço e a falar do Brasil. Quando o seu trabalho passa a alcançar mais pessoas, há algumas expectativas em relação àquilo que você faz ou apresentou até aqui. Por exemplo: esperam que você cante este ou aquele samba mais famoso. Isso muitas vezes tira a liberdade de criação e expressão do artista. Engessa um pouco. E então a gente vai aprendendo a lidar com isso, quando ou não fazer concessões."

Fabiana Cozza - Música. No Teatro Santos Dumont - Avenida Goiás, 1.111, São Caetano. Tel.: 4221-8347. Amanhã, às 19h. Grátis (as entradas serão distribuídas um pouco antes do show).




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