Cultura & Lazer Titulo
Registro histórico do The Clash
Por Vinícius Castelli
Do Diário do Grande ABC
14/11/2008 | 07:00
Compartilhar notícia


Cidade de Nova York, 13 de outubro de 1982 e um estádio gigante. A voz do empresário Kosmo Vinyl dá as boas-vindas ao público. "Boa noite, cidade de Nova York, é bom vê-los! Não temos beisebol esta noite, nem futebol, o que temos para vocês é um pouco do que acontece em Londres no momento, então recebam The Clash!"

Entre os ilustres expectadores que circulavam pelas coxias estavam o cantor David Bowie e o pintor e pai da pop art Andy Warhol. Além das celebridades, pesava o fato de tocar diante de 50 mil pessoas sabendo que logo após o final da apresentação, o palco receberia nada mais nada menos que um grupo chamado The Who. Este dava adeus aos palcos naquela turnê por conta de problemas internos.

Há relatos de que os ingleses do Clash chegaram a ser vaiados durante algumas dessas aberturas para o Who. Não era tarefa fácil, até mesmo para os combativos vocalistas e guitarristas Mick Jones e Joe Strummer, o contrabaixista Paul Simonon e o baterista Topper Headon.

Live at Shea Stadium (Sony/BMG, R$ 25 em média), que acaba de chegar às lojas, traz o registro de 15 canções durante os 50 minutos de uma apresentação explosiva do quarteto de punk britânico.

Na ocasião, o grupo divulgava seu quinto disco de inéditas, Combat Rock, que trazia os clássicos Rock the Casbah e Should I Stay or Should I Go?. Esse álbum foi o mais vendido na carreira do Clash e chegou ao top ten das paradas norte-americanas.

London Calling começa precisa e cheia de energia, abrindo o petardo musical, e é seguida por Police On My Back. As batidas da bateria e o andamento bem marcado do contrabaixo de Simonon são a marca forte de The Guns of Brixton, e os Clash cantam "você pode nos esmagar, você pode nos contundir, e até mesmo atirar em nós/ Mas, oh, as armas de Brixton".

Formado em 1976, eram polêmicos, protestavam contra a monarquia e a aristocracia no Reino Unido e no mundo. Eram também solidários a vários movimentos de libertação da época.

Para dizer não à violência, executam Tommy Gun, canção originalmente gravada no segundo trabalho Give 'Em Enough Rope, esta, logo dá lugar ao ritmo dançante de The Magnificient Tree, figura carimbada do LP Sandinista (nome dado ao partidário da Frente Sandinista de Libertação Nacional, movimento liderado por Augusto Sandino que lutou para a derrubada do regime de Anastasio Somoza Debayle na Nicarágua). O som é referência certa para grande parte das bandas ‘modernas', moda entre a geração atual.

Uma salva de palmas intercala o hit Rock the Casbah e Train in Vain, que rouba a cena com seu refrão forte e bem arranjado, além também da ótima canção Career Opportunities. A parceria Strummer/Jones em composições sempre funcionou bem, prova disso é a marcante Spanish Bombs.

O farto cardápio passeia por todos os álbuns do grupo. English Civil War é introduzida como "uma música que seus avós devem conhecer" e traz um solo sujo, curto e incendiário na guitarra. Por fim, Should I Stay or Should I Go? canta as inquietações de um romance qualquer, seguida por I Fought The Law com seu refrão inconfundível.

Eles já foram considerados uma das bandas mais importantes da história punk. Há quem discorde, afinal misturaram guitarras com levadas de rock ‘n' roll e até uma pitada de reggae em suas canções.

Nada disso ofusca sua importância histórica. Esse registro do início dos anos 1980 é uma boa oportunidade para conferir o quarteto em sua melhor forma, cheio de energia e pouco tempo antes da demissão de Mick Jones, causa do início do declínio da banda, dissolvida em 1986.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;