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Passeio entre os animais

Zoológico de São Bernardo tem 10 mil m² destinados a receber bichos típicos da Mata Atlântica

Luís Felipe Soares
Diário do Grande ABC
22/07/2018 | 07:00
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Denis Maciel


O contato com animais de diferentes tipos faz com que pessoas de todas as idades possam estar mais próximas à natureza e a conhecer seres que não são fáceis de ver no dia a dia. O Zoológico Municipal de São Bernardo tem 10 mil m² destinados a receber bichos típicos da Mata Atlântica que encontraram lar no Grande ABC.

O espaço ecológico local não é casa de leões, tigres, elefantes e girafas, uma vez que esses animais não são típicos do Brasil e apenas alguns moram por aqui, incluindo no Zoológico de São Paulo, considerado o maior da América Latina. Parte do objetivo da atração são-bernardense é abrir as portas para que o público (a exemplo de excursões escolares no meio da semana, que devem retomar o passeio a partir do segundo semestre) possa conhecer um pouco de seres tipicamente brasileiros, a exemplos de antas, quatis, tamanduás, tucanos e jiboias.

A área conta com 37 viveiros que abrigam cerca de 250 animais silvestres. As ambientações são elaboradas de acordo com necessidades dos moradores, ganham feno extra caso o frio seja intenso e são monitoradas diariamente. Em casos específicos, podem ser necessárias certas adaptações, como ocorreu na casa do irara (mamífero que se assemelha ao furão) Tomas, que começou a apresentar problemas nas costas e motivou a montagem de rampas para que evite ficar pulando.

A tranquilidade paira na arena do jacaré-de-papo-amarelo Diniz. Ele tem mais de 20 anos e cerca de 2,40 metros, tendo se acostumado a viver sozinho – nunca aceitou companhia. Os irmãos Lucy e Allan são lontras que parecem ‘brigar’ a todo momento, mas, na verdade, gastam a energia com brincadeiras e natação. É preciso lembrar que os animais vivem ali e não existem para entreter as pessoas, com pedidos para ‘cutucá-los’ para que façam algo sendo inaceitáveis.

O ZooSBC fica no Parque Municipal Estoril (Rua Portugal, 1.100. Tel.: 2630-8035), aberto de quarta a domingo, das 9h às 17h. O ingresso é gratuito para moradores da cidade, mas é necessário cadastro prévio na entrada do parque, com tíquete de R$ 3 para visitantes gerais. A fauna brasileira pode ser vista mais perto do que se imagina.

Resgate de bichos faz parte da proposta do espaço local

Parte da proposta do Zoológico Municipal de São Bernardo é prestar ajuda a animais que não têm condições de voltar à natureza, seja por conta de machucados profundos ou por já ter atitude dócil demais. Segundo os responsáveis, a visita serve como alerta para que as pessoas percebam que o estado dos moradores é resultado de toda uma sociedade que não cuida nem se preocupa o bastante com o meio ambiente.

O espaço é aberto a receber bichos silvestres resgatados de diversos pontos das sete cidades do Grande ABC. Eles passam por tratamento adequado, recuperação ao longo do tempo e depois é resolvido seu destino, sejam eles encaminhados para outros centros ecológicos ou, às vezes, ficando de vez no local. Entre os moradores ajudados estão uma coruja sem asa (e outra sem um dos olhos), ouriço sobrevivente de tiros de chumbinho e a macaco-prego do Sudeste Benta, que tem o braço esquerdo paralisado por causa de atropelamento.

Em 2017, o número de animais que entraram no ZooSBC foi de 417. Nesta temporada, até junho, a marca chega a 222, com perspectiva de bater, facilmente, a marca de 400 resgates. Exemplares de tucanos-de-bico-verde, corujas-orelhudas e saruês (como são conhecidos os gambás brasileiros) são alguns dos que mais aparecem por lá.

Profissionais precisam atuar juntos

O centro ecológico de São Bernardo conta com equipe de profissionais que precisa atuar em sintonia pelo bem-estar dos animais. As ações dos responsáveis é diária, tendo que lidar com altos e baixos dos desafios que aparecem no tratamento com a fauna brasileira.

A atuação do biólogo é essencial para que a ambientação completa do zoológico seja a mais adequada possível. Pesquisa sobre as espécies, informações sobre alimentação, procura por espaço saudável e verificação da segurança em torno de dele fazem parte da missão desse tipo de profissional.

Os veterinários estão mais ligados à parte da prevenção e do tratamento de doenças, ficando atento a mudanças na saúde dos bichos, a exemplo do surgimento de verminoses (complicações motivadas por parasitas como pulgas e larvas). Moradores com idades mais avançadas precisam de atenção especial. Atualmente, os veterinários do ZooSBC têm trabalho mais intenso com os recém-chegados, cuidando de tucanos com asa inchada e inflamada ou ajudando filhote de viado desnutrido.

Tratadores têm atuação árdua ao limpar recintos, organizar espaços e alimentar espécies diversas. O contato próximo com os moradores faz com que percebam alterações em seu comportamento e aparência, avisando os veterinários sobre mudanças.

Há parte ‘dramática’ do serviço que acaba sendo lidar com animais em estado de saúde bem ruim. É resultado de maus-tratos do ser humano com a natureza – os profissionais citam linhas com cerol como uma das vilãs. Bons cuidadores precisam respirar fundo e cuidar de quem precisa de ajuda, neste caso, mamíferos, primatas ou aves, entre outros.

O zoológico com maior número de animais fica em Berlim Alemanha), aberto em 1844 e com 13,7 mil moradores;

Já o mais extenso em tamanho é o Monarto Zoo, localizado em Adelaide (Austrália), tendo pouco mais de 4 km² de área.

Consultoria de Jeniffer Novaes, bióloga, e Marcelo da Silva Gomes, veterinário, ambos profissionais do Zoológio Municipal de São Bernardo, do Parque Estoril. 




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