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Gabriel Maranhão retira Rio Grande do Consórcio

Apesar de ser um dos mais beneficiados com ações da entidade, prefeito alega questões financeiras para saída

Por Humberto Domiciano
Do Diário do Grande ABC
31/05/2018 | 07:28
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André Henriques 7/6/17


Mesmo sendo uma das cidades mais beneficiadas, proporcionalmente, por ações do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, o município de Rio Grande da Serra decidiu sair da entidade regional. O desligamento foi oficializado ontem em votação na Câmara. Por 11 votos contra dois, o Legislativo do município referendou projeto de lei enviado pelo prefeito Gabriel Maranhão (sem partido), que já presidiu a entidade. O chefe do Executivo deve agora protocolar o pedido de desfiliação do colegiado nos próximos dias. Apenas os vereadores Akira Auriani (PSB) e Benedito Araújo (PT) foram contra.

Nos últimos anos, Rio Grande recebeu recursos articulados pelo colegiado, principalmente para a área de Mobilidade Urbana. Somente pelo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) Mobilidade, a implantação de corredor de ônibus foi orçada em R$ 44,4 milhões. Como efeito de comparação, a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), prévia do Orçamento, apontou arrecadação de R$ 97,9 milhões no ano que vem.

Entre outros projetos garantidos pela entidade ao município estão 11 remoções de áreas de risco, 166 atendimentos do Funcraf (Fundação para o Estudo e Tratamento das Deformidades Crânio-Faciais) e ainda a instalação de 28 placas de sinalização de mananciais.

O secretário executivo do Consórcio, Tunico Vieira (MDB), adotou tom conciliatório sobre a saída de Rio Grande. “É uma perda para todos. Vejo que é impossível fazer a gestão regional sem conversar com os prefeitos. Então quero perguntar ao Maranhão sobre as razões que levaram a essa decisão. Vou pedir uma audiência com ele na semana que vem”, comentou. A próxima reunião ordinária do colegiado acontece na terça-feira.

Integrantes da entidade receberam a notícia com surpresa e destacaram que o valor transferido sofreu sucessivas reduções para todos os municípios. Desde 2017, a alíquota caiu de 1,5% para 0,5% e neste ano foi baixada para 0,17% da receita corrente líquida. Rio Grande teria de destinar R$ 108 mil para a entidade, o que equivale a R$ 9.000 por mês. Como prefeito, Maranhão recebe R$ 19,5 mil.

Na opinião de Akira, a decisão foi precipitada e deve trazer prejuízos ao município. “Estamos deixando de lado toda a história e tudo o que o Consórcio trouxe de benefícios para a cidade. Além do PAC Mobilidade, conseguimos o registro para a classificação como MIT (Município de Interesse Turístico) junto ao governo do Estado e isso só foi possível com o Plano Regional de Turismo e tivemos ainda R$ 3 milhões de plano de drenagem.”

Por outro lado, o líder de governo Claudinho Monteiro (PSB) defendeu a decisão tomada por Maranhão. “A grande maioria entendeu, até pelo fato de sermos uma cidade que carece muito de recursos, que estávamos contribuindo sem ter recursos de volta. A questão da mobilidade acabou acontecendo na outra gestão do Consórcio, que era mais democrática e discutia mais a realidade do Grande ABC.”

Maranhão foi procurado, mas não retornou até o fechamento desta edição. Ele entrou em rota de colisão com o presidente do Consórcio, o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB, por apoiar a candidatura à reeleição do governador Márcio França (PSB) em vez de sustentar o projeto político do PSDB, seu antigo partido.

No ano passado, Diadema se desligou do Consórcio. 




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