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Publicitário aceita desafio de correr prova histórica na África

Ricardo de Almeira é um dos 12 inscritos na primeira etapa da Unogwaja, com largada nesta quinta

Por Anderson Fattori
31/05/2018 | 07:00
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Arquivo Pessoal


Um prova na qual, definitivamente, vencer não é o mais importante. Assim é a Unogwaja – significa lebre, em zulu –, que mistura ciclismo com corrida, e começa nesta quinta-feira na África do Sul. Mais do que bons tempos, os participantes são convidados a ajudar a minimizar os problemas sociais que assolam a África. Entre os inscritos de 2018 está o publicitário paulistano Ricardo de Almeida, 40 anos, que leva com ele a experiência de muitas horas de treinos no Riacho Grande, em São Bernardo.

Para entender o que é a Unogwaja é preciso voltar a 1931, quando o sul-africano Phil Masterton-Smith venceu a Comrades, ultramaratona de 90 quilômetros. Dois anos depois, morando na Cidade do Cabo, ele não tinha dinheiro para comprar passagem de trem até Pietermaritzburg, local da largada, e tomou atitude surpreendente. Percorreu os 1.650 quilômetros de bicicleta, em percurso desfavorável. Exausto, ainda completou a corrida entre os dez primeiros. O feito motivou a criação do desafio Unogwaja – apelido de Phil –, no qual 12 atletas no mundo são escolhidos para refazer o trajeto de bicicleta em dez dias antes da largada dos 90 quilômetros, com 25 mil inscritos no total.

Entre os eleitos está Ricardo. O processo de seleção leva em conta mais do que resultados. “Além do currículo, avaliam como nos comportamos em relação ao espírito da prova. Querem atletas que compartilhem dos mesmos valores que os organizadores. Ser solidário é fundamental”, explica Ricardo.

Os 12 competidores recebem um desafio: conseguir doação em dinheiro para instituições filantrópicas da África. Ricardo precisou arrecadar R$ 15 mil e teve a ideia de escrever livro sobre a prova. “Lancei dia 18 e vendi 450 cópias, passando da minha meta”, comemorou.

Ele soube que estava eleito para a Unogwaja no dia 2 de setembro, quando iniciou a preparação. “Foi de longe a coisa mais difícil que já fiz na vida”, assumiu ele, que já fazia ultramaratonas, mas nunca disputou competição de ciclismo.

A rotina ganhou treinos diários que começam às 4h. São 25 horas semanais, sem descanso. “Criei rotina de ir embora do trabalho correndo e nos finais de semana faço treinos mais longos no Riacho Grande, que tem altimetria perfeita para simular a prova”, explica.

E pensar que a corrida entrou na vida de Ricardo sem querer. O publicitário pesava 104 quilos quando, em 2010, descobriu seis tumores no fígado. “Removi metade do fígado para tirar os tumores, que eram benignos, mas foi um golpe. Logo depois minha mulher engravidou e pensei que não iria ver minha filha crescer. Passei a me cuidar, correr distâncias pequenas e me encontrei nas distância maiores até chegar a Unogwaja, o maior desafio da minha vida”, finalizou. 




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