A piscina do Complexo Esportivo Lauro Gomes, em São Caetano, recebeu ontem um dos principais nomes do esporte paraolímpico no primeiro dia de natação dos Jogos Abertos. Daniel Dias, dono de 24 medalhas nas paraolimpíadas – sendo 14 de ouro –, deu show de simpatia e esportividade. Representando Bragança Paulista, ele faturou com tranquilidade as provas dos 100m livres e 50m costas.

Por mais que já seja consagrado, Daniel Dias sabe que sua presença, além de elevar o nível do torneio, acaba servindo de espelho para os mais jovens. “Na competição eu fico concentrado, mas depois procuro conversar com todos. Também comecei em Regionais e Abertos, mas não nadávamos em piscinas tão boas como essa aqui de São Caetano. Fico feliz em ser exemplo e mostrar que eles também podem”, comentou o nadador, que debutou na competição em Botucatu, em 2005.

O atleta usou os Abertos como etapa de preparação para o Mundial Paraolímpico de Natação, que será disputado no México, no início de dezembro. “Muitas pessoas acham estranho eu entrar em várias provas, mas fiz questão de vir para os Abertos porque faz parte da minha preparação para o Mundial. Além disso, sei como essa competição é importante para quem está começando e minha presença talvez sirva para mostrar aos demais que, com determinação, podemos alcançar nossos sonhos”, comentou.

Daniel Dias, 29 anos, nasceu com má-formação congênita dos membros superiores e da perna direita. Iniciou na natação aos 16 anos e sua determinação o transformou no maior atleta paraolímpico do Brasil.

Os Jogos de Tóquio, em 2020, deve ser a última de Daniel Dias, que espera que a nova safra seja tão forte quanto a atual. “Esperamos pela renovação. Uma hora o Daniel e o André (Brasil, outro fenômeno da natação paraolímpica) vão parar e isso faz parte da vida. Vejo muito potencial na nova geração e fico feliz por isso. Acredito que com o centro paraolímpico em São Paulo as coisas vão melhorar, as pessoas vão ter estrutura melhor para treinar e esse ciclo vai deixar um grande legado pensando nos Jogos de 2024 e 2028”, avaliou o nadador.

Atletas de São Caetano levam ouro

Por mais que os holofotes estivessem apontados para Daniel Dias, sobrou espaço para outros atletas virarem destaques na natação. Um deles foi Roberto Alcalde Rodrigues, da equipe de São Caetano, que deixou a piscina do Complexo esportivo Lauro Gomes com três medalhas – ouro nos 100m peito e prata nos 100m e 50m livres.

Satisfeito com o rendimento, ele, que nasceu com má-formação na coluna e virou cadeirante aos 8 anos, espera manter o nível no ciclo olímpico. “Estou em segundo no ranking mundial. Meu foco é conseguir vaga na Paraolimpíada de Tóquio, em 2020”, ressaltou Daniel, que ficou na quinta posição nos 100m peito nos Jogos do Rio-2016.

Outro destaque de São Caetano foi Caio Amorim Muniz de Oliveira, ouro nos 100m costas e 400m livre. Ele nasceu com deficiência nos membros inferiores e, mesmo antes de começar a andar, fato que ocorreu apenas aos 6 anos e após nove cirurgias, já nadava.
Caio também nutre o sonho de estar em Tóquio. “Estou lutando por isso. A cada dia que caio na piscina penso nisso. Gostaria de deixar mensagem para quem, como eu e todos que estamos aqui com nossas deficiências, não desanime”, finalizou.