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Prefeitura andreense inaugura a sexta residência terapêutica da cidade

Local recebeu oito moradores egressos de hospitais psiquiátricos do Interior

Por Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
27/07/2017 | 07:00
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André Henriques/DGABC


 A Prefeitura de Santo André inaugurou ontem, na Vila Tibiriçá, a sexta residência terapêutica da cidade, que recebeu oito moradores, entre homens e mulheres, egressos de hospitais psiquiátricos do Interior – eles estavam em equipamentos que foram fechados seguindo determinação da Política Nacional de Saúde Mental.

Na região de Sorocaba – de onde vieram os pacientes –, considerada o maior polo manicomial do Brasil (com mais de 2.700 pessoas), o compromisso de cumprir este prazo foi firmado em 2012 (e deveria ser cumprido até 2016) por meio de TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) envolvendo Ministério Público Federal, Ministério Público Estadual, Estado, União e municípios. “Os moradores são munícipes de Santo André, mas estavam nos manicômios da região de Sorocaba em condições subumanas. Muitos ficavam presos, submetidos à tortura. Agora, voltam a ser tratados com dignidade, acolhimento e humanização”, falou a secretária de Saúde Ana Paula Peña Dias.

A residência terapêutica é um espaço de moradia e reinserção social a pessoas com transtornos mentais que não possuem referência familiar para possível retorno. No local, desenvolvem tarefas cotidianas como limpeza e organização da casa e preparo da comida. Eles fazem tratamento no Caps (Centro de Atenção Psicossocial), são acompanhados por equipe multidisciplinar e inseridos na área profissional pela oficinas oferecidas pelo Nupe (Núcleo de Projetos Especiais).

Em agosto será aberta outra unidade, que acolherá mais oito pessoas de ambos os sexos. Com isso, o município passará a contar com sete moradias: duas masculinas, uma feminina e quatro mistas, totalizando 60 pessoas atendidas. O Ministério da Saúde repassou R$ 40 mil para aquisição de móveis e adaptações da sexta e da sétima residências, além de encaminhar R$ 20 mil mensais para cada casa, cujo custo é de R$ 48 mil.

O prefeito Paulo Serra (PSDB) lembrou que Santo André foi o primeiro município do Brasil a adotar os serviços residenciais terapêuticos, em 1999. “O então prefeito Celso Daniel colocou a cidade na linha de referência na luta antimanicomial. Agora, demos continuidade e potencializamos o projeto”, defendeu.

“Santo André, historicamente, tem trabalho muito bonito. Há liberdade para o paciente ser estabilizado com diversos trabalhos voltados às questões social, cultural, familiar e afetiva”, salientou o coordenador de saúde mental da rede municipal, Danny Martyn Van de Groes.

Antonia Maria Cirino, 85 anos, dos quais 35 foram de internação por quadro demencial, utilizava cadeira de rodas para se locomover em hospital psiquiátrico em Salto de Pirapora. Ao chegar à residência terapêutica andreense, dia 22, recebeu estímulo dos moradores e de toda a equipe. Hoje ela já consegue dar alguns passos. “A casa é um estímulo, e os moradores cuidam uns dos outros. Então, o ambiente propicia transformações”, pontuou a responsável pelas residências terapêuticas do município, Zelia Tolentino.

Vindo de um hospital psiquiátrico de Piedade, onde passou três décadas, Antonio Sérgio da Silva, 62, também com quadro demencial, agora se sente vivo. “Aqui lavo louça, coloco roupa no varal, arrumo cama e, às vezes, passeio. Sinto-me livre.”




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