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Chuva deixou 600 desabrigados em Santo André
Ângela Corrêa
Do Diário do Grande ABC
e Roberta Nomura
Especial para o Diário do Grande ABC
13/01/2005 | 12:07
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Entre as cidades que cadastraram o total de desabrigados por conta das chuvas ocorridas entre a tarde de terça-feira e a manhã de quarta, Santo André é a que registrou número maior de moradores que perderam suas casas em deslizamentos ou que tiveram de deixar o local onde moram por correr riscos. São 600 pessoas dependendo da ajuda de parentes, amigos e da Prefeitura na cidade. Em Rio Grande da Serra, quatro famílias deixaram suas residências preventivamente. Diadema registrou oito famílias que tiveram as casas destruídas. Em Ribeirão Pires, três famílias abandonaram os locais de moradia por questões de segurança.

As áreas mais atingidas em Santo André são Jardins Cristiane e Santo André, Sítio dos Vianas e Jardim Irene. Apenas neste último bairro, a estimativa é de que 100 famílias estejam desabrigadas. Na rua Maurício de Menezes, sete casas foram destruídas. A via é cortada pelo córrego Guarará. As casas localizadas na margem direita do córrego foram invadidas pelas águas que transbordaram. No entanto, as da margem esquerda do Guarará, construídas abaixo de um barranco, se encontram em área de risco de desabamento. Ao meio dia de terça-feira, quando a tempestade ganhou força em Santo André, seis casas caíram na área. Cinco delas, construídas em fileira sobre o morro, caíram umas sobre as outras.

“A terra empurrou a primeira casa e todo mundo saiu avisando que era para descer, pois o barranco estava caindo”, afirma a estudante Janaína de Oliveira Souza, 11 anos. No momento em que o morro cedeu, a garota estava sozinha com a irmã Jaqueline, 16. Os pais, João Ferreira de Souza, 39, e Joetânia de Oliveira Souza, 36, estavam no trabalho no momento do acidente. “Minhas filhas foram espertas. Foi muita sorte nada ter acontecido a elas e aos vizinhos”, afirma a mãe.

De acordo com os moradores, técnicos da Defesa Civil aconselharam as 50 famílias ameaçadas a deixar as casas, visto que o risco de deslizamento é iminente. A maioria dormiu na rua, abrigada sob lonas e garagens localizadas no outro lado do córrego. As crianças ficaram em uma Igreja Evangélica também na rua Maurício de Menezes. Muitos moradores reclamaram que a Defesa Civil não organizou um abrigo próximo ao local e deixou de trazer mantimentos e roupas, como havia combinado com eles. “Estamos só com a roupa do corpo e não recebemos nada ainda. Disseram que trariam comida para as crianças ontem (terça-feira) à noite e não apareceram”, disse o pedreiro José Aílton da Silva, 33 anos, um dos que perdeu a casa.

A assessoria de imprensa da Prefeitura rebate as acusações dizendo que os moradores pediram à Defesa Civil apenas colchões para abrigar as crianças dentro da Igreja. Ainda segundo a assessoria, os moradores preferiram ficar na rua para vigiar as casas e evitar saques.

A última casa destruída foi a da auxiliar de limpeza Sônia da Costa Cruz, 28 anos, na madrugada de terça-feira para quarta-feira. “Sabia que não podia ficar aqui, mas não tinha para onde ir. Mandei meus meninos para dormir com o pai e fiquei aqui, no cômodo da frente, com a minha caçula. Às 3h30 começou a cair tudo. Só deu tempo de correr para a rua”, afirma.

Outros dois deslizamentos ocorreram quarta-feira no Parque Miami. Por volta das 6h, duas casas foram destruídas e um adolescente de 17 anos ficou soterrado. Ele foi levado ao Centro Hospitalar Municipal, passou por exames e foi liberado no início da noite de quarta. Outra família, do pedreiro Givanildo de Oliveira, 37 anos, nada sofreu.

Atendimento – Os desabrigados de Diadema e Ribeirão Pires ficaram dentro da própria comunidade e receberam cesta básica das Prefeituras. Rio Grande da Serra deve receber ajuda da Defesa Civil de Santo André. De acordo com o presidente do Conselho Municipal de Defesa Civil e Meio Ambiente, João Martins, a cidade não dispõe de recursos para atender às famílias. “As condições são precárias e não temos cestas básicas.” São Caetano informou que não houve casos de desabrigados na cidade. Já em Mauá, a assessoria de imprensa da Prefeitura informou que não foram registrados casos graves.



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