Setecidades Titulo Patrimônio Histórico
Proteção da casa de Herbert Richers só está garantida até o fim do ano

Prefeitura afirma que tombamento do imóvel, em Ribeirão, é provisório; possível demolição preocupa

Por Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
24/12/2016 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


Embora tenha sido tombada como patrimônio histórico em março, a residência do produtor cinematográfico Herbert Richers (1923-2009), em Ribeirão Pires, ainda corre risco. Integrantes dos movimentos de preservação do município temem pela demolição do espaço, localizado na Rua João Domingos de Oliveira, no Centro da cidade. Isso porque o documento que garante a proteção da área é provisório, com prazo de vencimento no dia 31.

Integrante do Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Cultural e Natural do município, Márcio Marques explica que o imóvel foi provisoriamente tombado em 2015, ação que foi prorrogada por seis meses, até abril. “Nesse meio tempo, esperávamos que o prefeito decretasse o tombamento definitivo. O decreto (6.606/2016) chegou a ser publicado, mas não foi assinado (por Saulo Benevides, PMDB)”, explicou. Dessa forma, conforme a administração, a proteção do bem público só está garantida até o fim do ano.

“Chegou ao nosso conhecimento que o prefeito, como forma de retaliação pelo tombamento estadual da Fábrica de Sal (pelo Condephaat, na semana passada), iria autorizar as Lojas Cem (proprietária do terreno) a demolir o imóvel. É um contra-senso e a gente fica de mãos atadas. Esperamos que isso não aconteça”, disse Marques.

Datado de 1968, o prédio – que já apareceu em dois filmes do produtor, um deles em 1968 com a participação de Jô Soares – está abandonado, com vidros e telhas quebrados. Além disso, falta parte do portão de entrada da área.

Vizinha do local, a aposentada Frederica Petrolanda, 82 anos, lamenta o estado do casarão. “É muito triste, porque tem grande importância para a cidade. Durante a noite, muitas pessoas chegam a pular o muro e a ficar lá dentro”, afirmou.

Por meio de nota, a Prefeitura afirmou que chegou a apresentar projeto para que o antigo casarão fosse transformado em UBS (Unidade Básica de Saúde), creche ou museu. “Apesar dos planos, os proprietários não aceitaram as propostas.”

O texto destaca ainda que “desde o início da gestão a administração vem tentando dialogar junto aos atuais proprietários do imóvel para que aconteça a preservação permanente do espaço, porém tem encontrado resistência por parte dos proprietários, que possuem outros planos para o local”.

Sobre a segurança da área, a Prefeitura informou que “a GCM (Guarda Civil Municipal) realiza rondas frequentes no entorno do local, mas por ser uma propriedade privada, fica impossibilitada de adentrar o espaço”.

O Diário não conseguiu contato com a Lojas Cem até o fechamento desta edição.

FÁBRICA DE SAL

A proteção da Fábrica de Sal está garantida desde a abertura do processo de estudo de tombamento, em fevereiro de 2016. No entanto, a intenção do então prefeito era demolir o espaço para construção de shopping.




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