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Quatro grandes perdem uma Citroën
Por Wagner Oliveira
Do Diário do Grande ABC
16/07/2011 | 07:30
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As quatro grandes montadoras do mercado nacional - Fiat, Volkswagen, General Motors e Ford - perderam, juntas, cerca de 3 pontos percentuais de participação em vendas no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2010.

Para se ter ideia do tamanho da perda das Big Four - como são conhecidas as mais tradicionais montadoras com operação no Brasil -, só a Citroën levou dez anos para obter cerca de 3% do mercado nacional. Para conquistar este percentual, a marca francesa conta com rede de 160 revendedores e fábricas em Porto Real (RJ) e na Argentina.

Para especialistas da indústria automobilística, é natural que, diante da maior concorrência, as líderes percam vendas para marcas estreantes. Mas a surpresa é que o ritmo de avanço de novos competidores vem se acelerando.

No primeiro semestre de 2009, Fiat, Volkswagen, General Motors e Ford, na ordem as quatro primeiras colocadas, detinham 77,1% do total de vendas de automóveis e comerciais leves no Brasil.

Nos primeiros seis meses do ano passado, as quatro grandes fecharam com 74,3% de participação. Entre janeiro e junho deste ano, a soma delas em vendas caiu para 71,3%. "Quando a competição se intensifica, é natural que quem detém a maior parte do bolo perca mais", analisa Paulo Roberto Garbossa, consultor e especialista na indústria automobilística.

"O mercado brasileiro caminha rapidamente na direção dos mercados desenvolvidos, onde dificilmente uma montadora detém mais do que 12% ou 13% de participação das vendas", afirmou Carlos Costa, colaborador da Citroën para desenvolvimento de rede.

Somando-se as marcas nacionais e estrangeiras, o Brasil já conta com 77 empresas que comercializam veículos. Atualmente, o País tem cerca de 800 modelos de automóveis e comerciais leves à disposição do consumidor.

A tendência é que a competição se intensifique. Com isso, o consumidor tende a ganhar, já que passa a ter maior oferta de produtos, além de preços reduzidos ou estabilizados.

Dado da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores revela que, enquanto o Índice de Preços ao Consumidor Amplo subiu 14,9% entre 2009 e 2011, o valor, em média, do automóvel aumentou 5,8% no mesmo período.

"Em razão do mercado mais disputado, o consumidor já paga menos pelo carro", afirmou o presidente da Anfavea, Cledorvino Belini. O executivo, que também preside a Fiat, disse que a competição acirrada acontece em razão da agressividade dos veículos importados, que, por terem a produção mais competitiva em seus países de origem, prejudicam marcas locais - obrigadas a enfrentar o "custo Brasil".

 

Tradicionais não acompanham ritmo

Embora tenham a maior fatia das vendas, as quatro grande montadoras - Fiat, Volkswagen, General Motors e Ford - não conseguiram acompanhar o ritmo de alta do mercado, que cresceu 10% no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2011.

De acordo com dados do Registro Nacional de Veículos Automotores, a Fiat ampliou em 7,33% suas vendas nos seis primeiros meses, fechando o semestre com 22,45% do mercado. Com 20,71% do total, A Volkswagen conseguiu aumentar emplacamentos em 7,83%.

Com linha de produtos mais defasada, a General Motors obteve um dos piores resultados entre as quatro maiores montadoras - caiu de 20,22% de participação no primeiro semestre do ano passado para 18,59% nos seis primeiros meses de 2011.

A Ford também não conseguiu bom resultado se comparado com o mercado como um todo. Sediada em São Bernardo, a montadora ampliou suas vendas em apenas 1,29%. Com isso, sua fatia caiu de 10,31%, em 2010, para 9,56%.

Prejudicada pela catástrofe que interrompeu por dias a produção industrial na Japão, a Honda registrou um dos piores resultados em sua trajetória de mais de dez anos no Brasil ao recuar em 12,16% vendas no primeiro semestre em relação a 2010.

Embora ruim, a Toyota não sofreu tanto quanto a sua conterrânea, pois, apesar dos problemas em sua matriz no Japão, conseguiu ampliar emplacamentos em 3,52%. Com fábrica e sócio no Brasil, a Mitsubishi foi bem, ao crescer 23,85%.

 

Kia, Nissan, Renault e Mitsubishi crescem acima do mercado

Para um mercado que ampliou em 10% emplacamentos no primeiro semestre de 2011 em relação ao mesmo período de 2010, a Nissan foi uma das marcas que mais se destacaram. A montadora japonesa, que atua em conjunto com a Renault, subiu muito acima da média e ampliou em 84,60% suas vendas no primeiro semestre. A Renault também cresceu acima do mercado, com aumento 24,57% das vendas.

Só atuando com carros importados, a Kia alcançou crescimento de 78,08% no primeiro semestre. Com o desempenho extraordinário, a marca coreana deve superar a meta de comercializar 100 mil veículos este ano no Brasil.

A Citroën também foi outra empresa que despontou nos seis primeiros meses deste ano ao ampliar suas vendas em 28,45%. Com este desempenho, a francesa pulou da nona para a sétima colocação no ranking nacional de vendas e atingiu a meta de dominar 3% do mercado nacional, que, entre carros e comerciais leves, somou 1.632.054 unidades.

 

Carros 1.0 perdem vendas e hegemonia

Embora ainda representem a maior fatia do mercado nacional, os carros 1.0 perderam participação em vendas nos primeiros seis meses de 2011 quando comparado ao mesmo período do ano passado.

Para um mercado que cresceu 10% em geral, os veículos considerados de entrada registraram desempenho abaixo da média. O subsegmento de hatch - entre os populares de entrada - obteve aumento de vendas de 1,45% no período.

Estão nesta fatia carros com motor 1.0, como Volkswagen Gol, Chevrolet Celta, Fiat Mille e Ford Fiesta, entre outros modelos. Estes veículos ainda detêm a maior parcela do mercado nacional. Só no primeiro semestre eles somaram 468.026 unidades - para total de 1.632.054 unidades - considerando-se apenas carros de passeio e comerciais leves.

No subsegmento dos sedãs de entrada, também com motor 1.0, o desempenho no primeiro semestre foi pior. Estão entre outros modelos, estão Crevrolet Prisma, Fiat Siena e Volkswagen Voyage, cujas vendas caíram 16,22% no período - passaram de 144.088 unidades no primeiro semestre de 2010 para 120.721 entre janeiro e junho deste ano.

Já os compactos de entrada equipados com motor entre 1.4 e 1.6 ampliaram suas vendas em 24,84% - passando de 181.362 unidades, em 2010, para 226.412, no primeiro semestre de 2011.

A explicação dos analistas é que o consumidor está migrando para carros com motorização mais forte, além de um nível mais completo de equipamentos.

Levantamento da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores mostra que, durante todos os seis meses deste ano, os carros com motorização 1.0 perderam a hegemonia de vendas para veículos equipados com motores acima de 1.000 cilindradas. No semestre, eles ficaram com 46,2% do mercado contra 50,8% do mesmo período do ano passado.

Os veículos com propulsor 1.0 chegaram a deter quase 70% das vendas no Brasil há dez anos. Com a melhoria do poder aquisitivo em razão do crescimento econômico, a tendência é que os carros de entrada sigam perdendo terreno para veículos mais potentes.




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