Política Titulo Inquérito
MP investigará processo fajuto da Sama em Mauá

Ministério Público abrirá inquérito civil para investigar a
compra de concreto que foi marcada por irregularidades

Por Mark Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
28/02/2012 | 01:13
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Fernando Nonato/DGABC


O Ministério Público anunciou ontem que abrirá inquérito civil para investigar o processo 107/10, aberto pela Sama (Saneamento Básico do Município de Mauá) em 30 de julho de 2010 para a compra de 26,40 metros cúbicos de concreto usinado. Os autos, resumidos a 14 folhas, ostentam sete falhas grotescas, detalhadas pelo Diário domingo - a reportagem motivou a ação do MP.

Entre as falhas evidentes, que segundo especialistas em Direito Público constituem fortes indícios de que o processo foi montado, está a assinatura do contrato com a Comercial Nova Rochamar (empresa que sequer participou do certame), no lugar da Rochamar Construções, que apresentou o menor valor para o fornecimento: R$ 7.800,14.

O empreiteiro José Vieira da Rocha (PMDB), que acusa o então superintendente e atual diretor de manutenção e abastecimento da Sama, Vladimilson Garcia, o Bodinho, de ter utilizado o material na construção de sua casa, é procurador da primeira firma e dono da segunda. Bodinho é braço-direito do atual superintendente da autarquia, Diniz Lopes (PR), que se afastou da função entre abril e outubro de 2010 para se dedicar à sua campanha mal-sucedida para deputado estadual.

Outro elemento irregular no processo é o orçamento derrotado da Alfa Real, datado de 14 de setembro daquele ano, 39 dias após a Sama receber o concreto da Nova Rochamar. Em indício da montagem, a autorização de pagamento foi feita no mesmo dia do pedido de compra do material, em 30 de julho, que é também a data da abertura do processo - o trâmite é incompatível com o serviço público.

CONFIANÇA INABALADA

O prefeito de Mauá, Oswaldo Dias (PT), sinalizou ontem que Diniz Lopes seguirá no comando da Sama. O petista considera que, apesar de Bodinho ser o braço-direito do republicano (que foi responsável inclusive por ter indicado seu substituto temporário), o superintendente não tem participação nas falhas do processo 107/10.

"O Diniz continua com a minha confiança. Não há nada de novo nisso", ressaltou. Por outro lado, Oswaldo mostrou preocupação com a repercussão do caso no ano em que tentará a reeleição, e antecipou que cobrará posicionamento do republicano nesta semana. "A responsabilidade é do superintendente na época (Bodinho)", atribuiu, indicando que discutirá represálias ao diretor.

A postura do prefeito desagrada a oposição. Principal nome do bloco, a deputada estadual e pré-candidata ao Paço Vanessa Damo (PMDB) cobra as exonerações de Diniz e Bodinho. "O Oswaldo não pode ser omisso mais uma vez. Tem de tirar do cenário o símbolo maior da corrupção em Mauá, que é o Diniz. O Bodinho nunca fez nada sem a anuência dele." A parlamentar encaminhará o caso ao TCE (Tribunal de Contas do Estado).

Diniz Lopes não retornou aos contatos do Diário. Bodinho afirmou que não se pronunciará sobre o caso.




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