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Valle Nevado: badalação, comida e, claro, muita neve
Por Da AJB
12/08/2004 | 02:42
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Nós, brasileiros, nos enchemos de orgulho para dizer que, na nossa terrinha, o sol brilha o ano inteiro. Mas, no inverno, parece que o que queremos mesmo é correr atrás da neve. Nas estações de esqui mais famosas da América do Sul Valle Nevado, no Chile, e Bariloche, na Argentina, os turistas do Brasil já representam 50% dos visitantes. São jovens atrás de badalação ou famílias inteiras em busca de férias diferentes, que agradam, igualmente, a pequenos e adultos. Mesmo para aqueles que não levam o menor jeito para o snowboard ou o esqui, a viagem vale a pena pelas belíssimas paisagens andinas dos nossos vizinhos. Sem contar, é claro, os deliciosos chocolates, as animadíssimas boates, os vinhos e os confortáveis hotéis. Hora de tirar os casacos e gorros do armário, fazer as malas e aproveitar a temporada gelada que estende-se até o fim de setembro quando os preços caem e as pistas, com a neve acumulada ao longo da estação, exibem as melhores condições.

Iniciada no dia 23 de junho, a temporada de esportes de neve no Valle Nevado, uma estação de esqui aninhada entre os picos da Cordilheira dos Andes, no Chile, já consolidou um novo ritual de despertar. O dia da maioria dos 600 funcionários começa com uma olhada esperançosa para o horizonte, em busca de nuvens cinzentas que anunciem neve. Na maior parte das vezes, o céu teima em permanecer azul, num contraste de cartão-postal com os picos brancos e ensolarados.

Apesar da seca polar, os fãs de esqui e snowboard brasileiros contam com uma mistura de neve natural e artificial (feita em máquinas que bombeiam partículas de água misturadas a nitrogênio). É mais do que o suficiente para muita diversão, especialmente para os esquiadores iniciantes ou de nível intermediário.

Os craques nos dois esportes podem sentir falta da liberdade de escolher entre as 32 pistas espalhadas na área de 9 mil hectares. Para eles, a pedida em caso de bolsos recheados pode ser apelar para o heli skiing, a febre atual no Valle. Um helicóptero Bell e um guia levam os visitantes, com rádios e esquis especiais, aos cumes das montanhas da região, que chegam a alturas de 4,5 mil metros. De lá, eles mergulham em descidas de até 2,5 mil metros, sobre a neve fofa e profunda. “A adrenalina é garantida. Nossos pacotes oferecem 10 mil metros de desnível, geralmente percorridos em cinco dias”, diz a gerente comercial do Valle, Isabel Illanes.

O heli ski tem levado a Valle Nevado muitos norte-americanos também, atraídos pelo câmbio favorável e pela possibilidade de esquiar nos meses em que é verão na América do Norte. As muitas pistas possuem vários graus de dificuldade e atendem desde o iniciante que nunca praticou nenhum esporte na neve até os mais experientes, que vão às estações exercitarem-se para a disputa de competições. A piscina aquecida cercada de neve é uma das atrações. Um conforto para depois das descidas.

Para o apreciador da gastronomia, a parte líquida dos menus chilenos – o vinho – é sem dúvida o grande atrativo numa viagem a Valle Nevado. Não que a cozinha seja ruim: os peixes e crustáceos, pescados em águas geladíssimas, são deliciosos, mas ainda não têm a originalidade e a densidade que a cultura do vinho atingiu no país desde os anos 80, quando a indústria começou a se modernizar. Hoje, é possível comprar bons vinhos a preços muito razoáveis (entre o equivalente a R$ 15 e R$ 45).

Valle Nevado mantém parcerias com 16 grandes vinícolas, que promovem degustações e organizam festivais. “A cozinha chilena é excessivamente baseada na espanhola. Queremos incorporar aos nossos cardápios produtos que são pouco conhecidos dos próprios chilenos e que ainda são usados pelos indígenas, como os pinhões, o cereal quinoa e um certo tipo de avelã”, diz Patricio Fischer, chefe executivo responsável pelos sete restaurantes do Valle, que vão de um francês sofisticado a um caseiro italiano, incluindo lanchonetes e até um pequeno sushi bar.

Na última semana de agosto, um Festival Gastronômico vai reunir três chefs – um chileno, um argentino e um brasileiro – que irão preparar menus especiais para a ocasião. É de Patricio a responsabilidade de alimentar, em épocas de alta temporada, até 2 mil pessoas a cada refeição. Caminhões abastecem o hotel quase diariamente com frutas, legumes e peixes frescos. Um desafio logístico em um local tão isolado.




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