Economia Titulo No quadrimestre
Produção de autos cai 45,8% em 3 anos

Queda foi registrada de janeiro a abril
na comparação com mesmo período de 2013

Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
06/05/2016 | 07:09
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Claudinei Plaza/DGABC:


A fabricação de veículos automotores no Brasil teve queda de 45,76% no primeiro quadrimestre de 2016 na comparação com o mesmo período de 2013, ano em que as montadoras atingiram o ápice de sua operação no País. Em números absolutos, o total produzido passou de 1,214 milhão para 658,7 mil – 555,6 mil a menos. Foi o pior desempenho do setor desde 2004. Os dados foram divulgados ontem pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) e incluem carros de passeio, comerciais leves (picapes e utilitários), caminhões e ônibus.

Na comparação com os quatro primeiros meses do ano passado, foi contabilizada queda de 25,8%. Levando em consideração apenas os dados de abril, houve redução de 51,8% no número de veículos fabricados de 2013 para cá. Em relação a 2015, a diminuição na produção foi de 22,9% – de 220,3 mil para 169,8 mil.

Em abril de 2013 saíram das fábricas 352,3 mil veículos, o que significa um carro a cada sete segundos. No mês passado, essa proporção caiu para um a cada 15 segundos. O volume de três anos atrás equivale a 53,5% do total produzido no primeiro quadrimestre de 2016.

Para o presidente da Anfavea, Antonio Megale, a diminuição na demanda por veículos zero-quilômetro é consequência do momento de instabilidade na economia e na política, cenário que provoca insegurança. Sem confiança, tanto consumidores quanto investidores tendem a se retrair.

A opinião é compartilhada pelo economista Leonel Tinoco Netto, professor da Fundação Santo André e delegado do Corecon-SP (Conselho Regional de Economia de São Paulo) para o Grande ABC. “O desemprego em alta não só reduz a renda da população como gera sensação de temor. Quem está trabalhando vê as pessoas sendo demitidas e, por esse motivo, modifica seus hábitos de consumo.”

O economista Ricardo Balistiero, coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia, acrescenta que a restrição ao crédito é outro fator que provoca queda na demanda. A menor disponibilidade dos bancos na aprovação de financiamento está ligada, principalmente, ao maior risco de inadimplência. Além disso, a manutenção da taxa básica de juros (Selic) em 14,25% ao ano torna as parcelas mais caras, o que diminui o interesse dos compradores.

O tombo na produção faz com que as montadoras operem com capacidade ociosa, o que, inevitavelmente, resulta em cortes de mão de obra. O número de empregados no setor caiu 8% em abril ante o mesmo mês de 2015. O estoque era de 139,6 mil pessoas, chegando, no mês passado, a 128,4 mil trabalhadores – 11,1 mil a menos em 12 meses.

A indústria automotiva fechou abril com 251,7 mil veículos nos pátios e concessionárias, o que, considerando o ritmo atual de vendas, demorariam 46 dias para serem esvaziados. Em março, eram 259,1 mil unidades em estoque, volume cuja estimativa para desova era de 48 dias.

“Parte dos investimentos feitos pelas montadoras nos últimos anos não está sendo utilizada, o que gera essa ociosidade”, comenta Balistiero. O economista considera que, passadas as turbulências política e econômica, o mercado automotivo deverá voltar a crescer, já que, na opinião dele, ainda há grande demanda. “No Brasil, a média é de aproximadamente um automóvel para cada quatro pessoas. Em países desenvolvidos, onde o espaço para crescimento é mais restrito, essa proporção é de um para um”, explica.

Apesar da persistência do cenário negativo, a Anfavea manteve as previsões de produção para 2016. A entidade estima que, ao fim do ano, a fabricação total de veículos terá aumento de apenas 0,5% em relação a 2015. As vendas no mercado interno, entretanto, deverão cair 7,5%, sendo seguradas pelo aumento projetado para as exportações, de 8,1%.
 




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