Economia Titulo
Ministério Público lacra Neomater em S.Bernardo
Paula Cabrera
Do Diário do Grande ABC
03/08/2010 | 07:02
Compartilhar notícia


Os dois principais hospitais do Grande ABC enfrentam sérios problemas financeiros. Depois de meses de atrasos salariais e imbróglios jurídicos, o Ministério Público decretou o fechamento das portas do Hospital Puer - antiga Maternidade Neomater - menos de um ano após a entrada da nova administração no espaço. O Hospital São Caetano, que ainda calcula a extensão de suas dívidas, também deve seguir o mesmo caminho, em breve.

O fechamento do Neomater, referência no atendimento neonatal, deixa para trás um rastro de dívidas - que somavam cerca de R$ 1,6 milhão no início deste ano. Os 310 funcionários do local também ficaram sem receber cerca de três meses de salários, ainda soma-se a isso mais de 500 ações trabalhistas e de pagamento de fornecedores.

O SindSaúde (Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Privados de Saúde), que defende os trabalhadores do setor na região, alega que a decisão de fechar de vez as portas do estabelecimento aconteceu após audiência sobre a recuperação judicial do espaço, que ocorreu há menos de duas semanas na Justiça de São Bernardo. "Fizemos reunião no Ministério Público, representando os trabalhadores na semana retrasada. Lá o juiz estabeleceu termo de conduta para a regularização das dívidas e deu dez dias para empresa avaliar se aceitava. Sabemos que depois disso o local foi fechado, mas não sabemos ainda se a empresa não respondeu aos questionamentos do juiz ou se perdeu o prazo", explica o presidente da entidade Waldir Tadeu David completando que ainda aguarda a publicação da decisão judicial.

Apesar da publicação ainda não ter saído, seguranças, que já guardam o prédio do hospital, afirmam representar "o interventor do espaço". "Chegamos aqui quinta-feira, junto com o Ministério Público, mas somos de uma empresa terceirizada, não sabemos quem foi o nomeado para esse cargo", justifica funcionário que prefere não se identificar. O Diário fez contato com a empresa prestadora do serviço, mas foi informado de que apenas a direção, que não estava no local, falaria sobre a situação.

A administração do hospital também não se pronuncia. Desde que o Ministério Público baixou as portas do estabelecimento, nenhum integrante da diretoria voltou a ser visto ou conseguiu ser contatado pelos trabalhadores.

O presidente do SindSaúde diz que os funcionários que tiverem qualquer dúvida ou pretendam protocolar ação devem procurar a entidade.


Hospital São Caetano também enfrenta crise

A novela do Hospital São Caetano e o plano de saúde Di Thiene, cujo atendimento só ocorre nas dependências do estabelecimento, parte para mais um capítulo. Desta vez, o procurador do hospital, Valmir Borges de Sales, garante que decisão concreta sobre o assunto pode surgir hoje. Segundo ele, representantes do São Caetano participarão de reunião com integrantes do Hospital Brasil. Porém, o Brasil afirmou que desconhece tal reunião.

Os problemas financeiros do São Caetano levaram o Brasil, há cerca de um mês, a rescindi contrato de gestão econômica-financeira. Por nota, o hospital andreense informou que as dívidas do São Caetano eram irreversíveis e tornava inviável a gestão.

A partir daí, o São Caetanto tenta sobreviver ao fechamento total, assim como ocorreu com a Neomater. Os pacientes que estavam internados no local foram transferidos para hospitais públicos e poucos procedimentos estão sendo feitos no local. Até a semana passada, conforme Sales, apenas os conveniados do Di Thiene eram recebidos e só para atendimentos ambulatoriais.

Sales disse que, como procurador junto ao grupo de médicos e funcionários, busca caminhos para levar o hospital à normalidade.

BLOQUEIOS
Conforme dito em assembleia do conselho deliberativo do São Caetano, na qual o Diário teve acesso, as dívidas estão na casa dos R$ 62 milhões (mas fontes do setor afirmam que o montante pode ultrapassar R$ 150 milhões ). Por isso, a Receita Federal já bloqueia as contas do hospital.

Como os cerca de 7.800 conveniados do Di Thiene também não recebem atendimento completo, previstos em seus contratos, alguns integrantes do conselho gestor do São Caetano também tiveram suas contas bancárias bloqueadas pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).

A queda no movimento de pessoas próximo ao hospital também atingiu o comércio. Eduardo Brito, proprietário de um pequeno restaurante, contou que o faturamento caiu cerca de 75%. Já Rafael Pellegrino, dono de um estacionamento, disse que o recuo foi de 30%.

HISTÓRIA
A fundação do São Caetano foi um dos pilares que sustentaram a luta pela independência da cidade. Com início das atividades no fim da década de 40, antes da fundação de São Caetano, o hospital foi por muitos anos referência de bom atendimento na região.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;