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Reitores divergem sobre reforma proposta pelo MEC
Por Elaine Granconato
Do Diário do Grande ABC
08/06/2004 | 20:36
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As 15 diretrizes da reforma universitária proposta nesta terça pelo MEC (Ministério da Educação), que devem chegar ao Congresso até o fim do ano na forma de projeto de lei, causaram polêmica no meio acadêmico do Grande ABC. A principal divergência ficou por conta do ciclo básico de dois anos para todos os cursos. Alguns entendem que a mudança na grade curricular implicaria aumento de custos, e, conseqüentemente, nas mensalidades. Uma outra corrente vê exatamente o contrário: menos desperdício de tempo e até mesmo de dinheiro para os universitários.

O ciclo básico proposto prevê que o aluno, ao entrar na universidade, estude por dois anos disciplinas gerais. Na seqüência, ele receberia um título de formação básica superior e escolheria um curso específico. Isso, no entanto, não tornaria os cursos mais longos, de acordo com o projeto. Outra vantagem, na pauta de defesa do MEC, evitará que jovens entre 16 e 17 anos tenham de fazer uma opção profissional precipitada.

Para Laércio Baptista da Silva, reitor do Imes (Centro Universitário Municipal de São Caetano), que possui cerca de 7 mil alunos e 21 cursos de graduação, o ideal é um ciclo básico de dois anos sem opção nenhuma de curso. A área, porém, pode ser escolhida sem problema algum. O cuidado, segundo o professor, é para não repetir fórmulas do passado. No próprio Imes, Economia, Administração e Ciências Contábeis tinham os dois primeiros anos como básicos. A experiência mostrou não dar certo, segundo o reitor.

O reitor do Centro Universitário da Fundação Santo André, Odair Bermelho, vê a questão ainda contraditória. “Entendo que dois anos de ciclo básico é adiar essa formação. Sem falar que pode implicar em mais tempo na escola e na mensalidade”, afirmou. Em tese, a proposta pode implicar em um preenchimento das vagas ociosas nas universidades privadas. “Haveria menos professores especializados”, ressaltou. O Centro possui cerca de 12 mil alunos e 23 cursos de graduação.

Opinião semelhante tem Clóvis Pinto de Castro, vice-reitor acadêmico da Umesp (Universidade Metodista de São Paulo), com campi em São Bernardo. “Os cursos ganhariam pelo menos mais um ano, e o aluno estaria pagando por isso”, disse, ao ressaltar que no governo anterior a proposta era pelo “enxugamento” dos cursos. Castro disse não ser contra. “Só acho que necessita ser mais discutida com os fóruns de educação no país. Vejo que falta mais clareza nas propostas do MEC”, afirmou.

Imaturidade – Um ponto comum entre os profissionais de Educação para a implementação do ciclo básico é a oportunidade de um maior tempo de amadurecimento do universitário. “O jovem sai do ensino médio sem maturidade suficiente”, avaliou o pró-reitor da Umesp.

“Os jovens entre 16 e 17 anos não estão maduros para escolher uma profissão. O ciclo básico implicará em mais segurança e menos desperdício de tempo e de dinheiro”, afirmou Maria Aparecida Zaccarelli, pró-reitora de Extensão e Relações Comunitárias da UniABC (Universidade do Grande ABC), que possui cerca de 12 mil alunos e 31 cursos.

O diretor da Faculdade de Medicina do ABC, Luiz Henrique Paschoal, acha que o ciclo básico irá amadurecer o aluno. “Quero introduzir os dois anos para os nossos cursos de Medicina, Farmácia e Enfermagem”, afirmou.




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