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Andreense carrega coração artificial

Após sofrer infarto, ex-fumante recebe nova chance de viver enquanto aguarda o transplante do órgão

Nelson Donato
especial para o Diário
01/01/2016 | 07:07
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Nario Barbosa/DGABC


Doenças cardíacas, resultado do estresse proveniente do ritmo alucinante das grandes cidades, aliada a vícios como cigarro e bebidas alcoólicas podem ser fatais. No entanto, algumas pessoas conseguem ter uma segunda chance na vida, caso do segurança aposentado Alciones Severino Cabral, 47 anos. Após sofrer infarto e perder metade das funções do coração em 2002, o morador de Santo André foi contemplado com moderna oportunidade de prosseguir na luta por seus sonhos: um coração artificial.

Ex-fumante, Cabral sofreu as consequências do vício e perdeu metade do coração aos 34 anos. “A cardiologista que me atendeu na época disse que não morri por sorte e indicou que eu parasse de trabalhar. Mas, eu não podia ficar encostado e decidi continuar com meu serviço”, revela.

A decisão quase custou a vida do pernambucano de origem. A situação cardíaca de Cabral foi agravada gradualmente, até que, em abril de 2014, chegou ao ápice. “Fiz uma viagem para o Nordeste e, quando voltei, meu coração estava inchado. Cheguei no limite da vida. Daí para frente, minha rotina limitou-se entre o hospital e a minha casa.”

Na residência humilde, situada no núcleo Tamarutaca, na Vila Guiomar, Cabral era obrigado a dormir na sala, por não ter condições de subir as escadas. Nesta época, a expectativa de vida do ex-segurança não passava de cinco meses. “Foi um período muito difícil. Eu já havia avisado para minha família que eles deveriam se preparar para para a minha partida.”

Esta situação permaneceu até agosto do ano passado, quando médicos do Hospital Santa Helena se sensibilizaram com a situação do andreense e o encaminharam para o Projeto Coração Novo, realizado pelo Hospital Sírio Libanês em parceria com o Ministério da Saúde. Sem tempo hábil para aguardar pelo transplante necessário, a solução encontrada foi o coração artificial.

“O senhor Alciones chegou aqui com um quadro grave de de insuficiência cardíaca e, devido a isso, ele teria que praticamente viver no hospital. Nós sugerimos que ele tentasse o implante do aparelho (Heartmate), que funciona como um coração artificial”, detalha a coordenadora do programa de transplante cardíaco do Hospital Sírio Libanês Silvia Ayub.

Em fevereiro, equipe médica norte-americana veio até o Brasil para realizar o procedimento em Cabral. A ação foi possível graças a doação da empresa que fabrica o aparelho. Segundo Silvia, o procedimento foi um sucesso. “O paciente se recuperou muito bem e as condições de todos os seus órgãos são estáveis. Ele até poderia permanecer com o dispositivo, porém, o transplante ainda é a melhor opção”, explica.

O equipamento,  que tem custo aproximado de R$ 700 mil, funciona a base de duas baterias que fornecem energia para o sistema de bombeamento do sangue. “Este aparelho auxilia o lado esquerdo do coração do paciente. O sangue do ventrículo esquerdo é aspirado e levado para as artérias e para o resto do corpo”, explica a coordenadora do programa de transplante cardíaco.

Parte do aparelho funciona fora do corpo. Por isso, Cabral passou a carregar bolsa com baterias, que duram até 12 horas, por todos os lados. “Sempre levo duas cargas extras para o caso de alguma emergência”, revela o ex-fumante.

Apesar da adaptação ao Heartmate ter sido tranquila, o andreense ainda aguarda pelo transplante. “Meu tipo sanguíneo é o B negativo, um dos mais raros. Com isso, o tempo de espera por um transplante é muito longo. Mas tenho fé que logo conseguirei recuperar todas as minhas condições normais. O aparelho é só uma ponte para um mundo novo”, considera.

Cabral também espera ser um exemplo para outras pessoas que passam por situação semelhante. “Eu gostaria que as pessoas observassem o que aconteceu comigo e se inspirassem a lutar pelas suas vidas até o último segundo. Para Deus nada é impossível e, com coragem, tudo pode ser alcançado.” 




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