Economia Titulo Crédito
Inadimplência se mantém
alta no mês de dezembro

Banco Central mostra que índice de maus pagadores está
na casa de 7,3%, mesmo percentual registrado em novembro

Por Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
28/01/2012 | 06:53
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Mesmo passando por momento positivo, a economia brasileira teve resultado que despertou preocupação em dezembro. A inadimplência dos consumidores nos empréstimos com instituições financeiras continuou em 7,3%, mesmo registro de novembro, quando houve a quinta alta mensal consecutiva no resultado, segundo o Banco Central, por meio do relatório de operações de crédito publicado ontem. Em comparação com dezembro de 2010 o acréscimo foi bem maior, tendo em vista que naquele mês o registro foi de 5,7%.

São considerados inadimplentes aqueles consumidores que atrasam o pagamento dos seus empréstimos por mais de 90 dias, segundo a metodologia do BC. E quanto maior a inadimplência, menor a chance de barateamento do crédito, já que parte dos juros cobrados nas operações compensa a inadimplência.

"Não é alarmante. Mas a inadimplência é resultado para ser observado. Deve ser acompanhado de perto", avaliou o especialista em finanças Mário Amigo, que ministra aulas na Fipecafi, Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, FIA e Saint Paul Escola de Negócios.

Para Amigo, o cenário atual da economia brasileira está bem. No entanto, qualquer eventual problema no futuro que atinja diretamente os consumidores poderia causar um efeito sistêmico no mundo financeiro, principalmente no índice de inadimplência.

Entre os perigos citados pelo especialistas estão a taxa de desemprego, que se tiver elevação refletirá no percentual de pagamento das operações de crédito, e a renda das famílias, que se iniciar movimento de estabilidade, mudando a curva atual de crescimento, também proporcionará resultado na capacidade de pagamento das dívidas das famílias. "E nesses casos, a inadimplência poderia saltar de uma hora para outra de 7% para 10% ou 11%, o que não seria bom. Então tem que acompanhar de perto."

E esse acompanhamento deverá ser feito pelo governo federal, que regulamenta pelo BC as regras do mercado financeiro, e pelos próprios bancos, que terão que calcular muito bem o potencial de pagamento dos seus clientes que contratarão crédito no futuro.

No caso das empresas, o BC informou que houve queda na inadimplência, com taxa de 3,9% em novembro.

Juros dos empréstimos às famílias caem no fim de 2011

A taxa média de juros ao consumidor em dezembro atingiu 43,8% ao ano, ou 3,07% ao mês. O resultado é bem maior do que o registro do mesmo mês de 2010, quando o percentual era de 40,6% ao ano. No entanto, garantiu recuo em relação a novembro do ano passado, quando o Banco Central apurou 44,7% ao ano.

No relatório de operações de crédito, o BC informou que a queda dos juros aos clientes das instituições financeiras ocorreu, principalmente, como reflexo das reduções dos juros do crédito pessoal e dos financiamentos para aquisição de veículos.

O crédito pessoal ficou, em média, 0,4 ponto percentual mais barato em novembro em relação ao mês anterior, com taxa anual de 48,2%. Porém no 12º mês de 2010, o custo desta modalidade era de 44,1% ao ano. Nas operações para aquisição de veículos houve recuo de 27,2% ao ano, em novembro, para 26,2% ao ano em dezembro. Porém, como o ocorrido no crédito pessoal, a taxa média para financiar um carro ficou acima do registro de novembro de 2010, quando era de 25,2% ao ano.

Concessões de crédito ao consumidor crescem 8,9%

A demanda dos consumidores por empréstimos foi aquecida em dezembro, tanto que o volume monetário concedido com recursos livres no mês cresceu 8,9% em relação ao mesmo período de 2010. Segundo o relatório de operações de crédito do Banco Central, os consumidores clientes dos bancos contrataram no mês passado R$ 78,7 bilhões, contra R$ 72,3 bilhões do último mês de 2010.

Os recursos livres são valores que as instituições financeiras emprestam e não têm limitações para cobrar as taxas de juros. Esse dinheiro não tem vínculos com o governo ou com programas sociais públicos, como ocorre com a verba dos recursos direcionados, como exemplo os financiamentos habitacionais do programa Minha Casa, Minha Vida.

A modalidade com recursos livres que mais teve crédito concedido no mês passado para os consumidores foi o cheque especial, com R$ 26 bilhões, acréscimo de 9,3% em relação ao mesmo período de 2010.

O cartão de crédito figurou em segundo na lista, com R$ 22,2 bilhões concedidos em dezembro, alta anual de 24%. O crédito pessoal garantiu a terceira posição, com R$ 14,1%. E os financiamentos de veículos acumularam R$ 9,44 bilhões, porém houve queda de 15,2% ante igual período do ano anterior.




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