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Polo automotivo do Interior pode crescer
Por Wagner Oliveira
Do Diário do Grande ABC
30/05/2010 | 07:08
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A possibilidade da instalação de uma fábrica da montadora Chery em Salto (SP) irá consolidar a formação de novo pólo da indústria automobilística no interior do Estado - criando reflexos positivos no Grande ABC, que ainda se mantém como principal região produtora de veículos.

Numa série de cidades vizinhas distantes daqui até 150 quilômetros, existem unidades fabris da Case New Holland (Sorocaba), Toyota (Indaiatuba) e Honda (Sumaré), com suporte do centro de distribuição de peças da General Motors e da Iveco (Sorocaba). Ainda estão lá o campo de provas de GM (Indaiatuba), centro de remanufatura da Mercedes-Benz (Campinas) e inúmeros fabricantes de autopeças instaladas em cidades próximas.

A nova fábrica da Toyota, em Sorocaba, se soma a este novo polo. Com investimento de cerca de U$ 1 bilhão, a planta terá capacidade, quando totalmente concluída, para produzir 300 mil carros/ano a partir de 2012. Além da Chery, cogita-se ainda a instalação de unidade da coreana Kia, em Salto. A sede da Kia está em Itu, também na vizinhança.

Principal formador de mão-de-obra e centro de excelência do setor no Estado, o Grande ABC está ligado ao novo pólo por meio de moderno fluxo viário, representado pelo Rodoanel Mário Covas e algumas das principais rodovias do Estado - Castelo Branco, Bandeirantes e Anhanguera.

"Quando o Rodoanel estiver concluído, o Grande ABC vai se beneficiar ainda mais com a ligação ao terceiro pólo automobilístico de São Paulo, no Vale do Paraíba, região onde General Motors, Volkswagen e Ford já marcam presença há muitos anos", afirmou Francisco Satkunas, integrante da SAE-Brasil (Sociedade dos Engenheiros da Mobilidade).

Para Satkunas, a formação de novo pólo atrai investimentos para São Paulo, gera riquezas, aumenta arrecadação de impostos, cria empregos e forma profissionais especializados, que ajudam o Brasil a ter centros de desenvolvimento e a exportar inteligência.

"Poderia ser mais uma Detroit brasileira", disse Luis Curi, CEO da Chery no Brasil, sobre a possibilidade da instalação de fábrica da montadora chinesa em Salto, que então se compararia à cidade símbolo da indústria automobilística nos Estados Unidos.

Segundo Curi, a Chery já concluiu estudos sobre a instalação da unidade, que será anunciada ainda este ano com investimentos de US$ 700 milhões para a produção anual de 150 mil veículos. "A região que compreende Sorocaba, Campinas e Jundiaí já formou centro de produção e abastecimento de autopeças, que facilita os planos de novos competidores que querem se instalar aqui", afirmou Gerson Pittorri, também executivo da Chery.

Maurício Gouveia, diretor de pós-venda da Iveco América Latina, disse que a região de Sorocaba foi a melhor opção para investimento de R$ 30 milhões para a construção do Copi (Centro de Operações de Peças Iveco), recentemente inaugurado. "Daqui conseguimos abastecer todo o País rapidamente, além de também facilitar a nossa exportação pela proximidade com o Porto de Santos", avaliou.

Região - Com seu tradicional parque industrial, auxiliado por empresas que operam em todos os níveis da complexa cadeia da indústria automobilística, o Grande ABC garante sua força no setor.

Região que soube se reiventar e não perder fábricas já instaladas, ainda exibe números robustos da indústria automobilística, apesar da desconcentração da atividade para outros Estados.

Em 2008, de acordo com números da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), a região alcançou 26% da produção nacional, com 835 mil veículos. Foram produzidos aqui 33% dos veículos exportados em 2008 - 245 mil unidades.

Empresa deve anunciar investimentos dentro de dois meses
Além de São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Goiás e Pernambuco disputam a instalação da fábrica da Chery no Brasil. A montadora chinesa já finalizou estudos e deve anunciar o investimento de US$ 700 milhões dentro de dois meses.

"O Brasil é muito importante na estratégia da Chery, que se prepara para ser uma das maiores do mundo", afirmou Luis Curi, sócio e CEO da Chery no Brasil. Ele acaba de lançar o novo veículo Cielo, que chega importado nas versões hatchback e sedã.

Com sede administrativa em Salto, interior paulista, a Chery entrou no mercado brasileiro em setembro do ano passado com o SUV Tiggo, montado em regime CKD (as peças chegam encaixotadas) no Uruguai. A multinacional espera comercializar este ano no Brasil10 mil automóveis e dobrar o mercado em 2011, chegando a 25 mil unidades. "Acreditamos que no ano que vem teremos perto de 1% do mercado brasileiro", avalia Curi.

Com apenas nove anos de existência, A Chery alcançou no mundo a marca de 2 milhões de veículos produzidos - 510 mil apenas no ano passado. A projeção é fabricar um milhão neste ano.

Curi disse que a empresa investe em qualidade e tecnologia. De acordo com ele, existem atualmente 150 marcas de automóveis na China, mas a grande maioria não irá sobreviver. Por ser estatal e com forte investimento do governo chinês, ele prevê que a Chery vai competir em escala global.

"A China já é a maior produtora e a maior consumidora de carros do mundo, notoriamente potência mundial. A Chery é 100% chinesa, mas com a missão de se internacionalizar", diz Curi.

A empresa já tem 12 unidades em 11 países - China, Ucrânia, Tailândia, Vietnã, Síria, Rússia, Malásia, Uruguai, Indonésia, Egito e Irã (duas fábricas). Fabrica 17 modelos e emprega 25 mil funcionários. Já exportou mais de 350 mil veículos.

Para ganhar respeitabilidade internacional, firmou acordo com a JD Power, renomada instituição norte-americana de controle de qualidade.

Curi lembra que os japoneses levaram 30 anos para ficar em pé de igualdade com os principais fabricantes de automóveis do mundo, os sul-coreanos demoraram 15 anos e os chineses alcançarão esse patamar em apenas cinco anos.




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