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Glamour de volta em 'Paraíso Tropical'
Gabriela Germano
Da TV Press
24/02/2007 | 17:37
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O paraíso que Gilberto Braga pintará na próxima novela das nove está muito longe do céu. Fica em Copacabana, bairro da Zona Sul do Rio. É repleto de belezas naturais que contrastam com a miséria e a decadência da pobreza e do turismo sexual. O autor vai mostrar tudo isso com uma boa pitada de glamour, como ele tanto gosta. Com características de um novelão clássico, Paraíso Tropical estréia dia 5 de março e mostra a disputa entre um grande vilão e o mocinho, muito romance e a já conhecida história das irmãs gêmeas: uma boa e outra má.

PERGUNTA: Paraíso Tropical é uma novela que pretende mostrar um Brasil de ambigüidades e contrastes. O bairro de Copacabana, no Rio, é o melhor pano de fundo para contar essa história?

GILBERTO BRAGA: Se é o melhor lugar não sei. Mas Copacabana é o lugar que eu estava com vontade de retratar. Vamos falar de turismo sexual e o bairro é um bom lugar para tocar no assunto. E é uma ambientação diferente das que usei em minhas novelas anteriores. Ao lado do Corcovado, Copacabana é o lugar do Rio mais conhecido em todo o mundo. Não é à toa que as chamadas da novela começaram a ser feitas no exterior.

PERGUNTA: Vai mostrar a realidade atual do lugar e a prostituição como ela realmente acontece?

BRAGA: Vou mostrar a Copacabana atual, sim. Mas trabalho com glamourização. Não faço jornalismo. Acho que, na ficção, é preciso glamourizar um pouco. Quando fiz Pátria Minha havia uma favela na história. Mas ela não era muito feia, não. Gosto de ver trabalhos não glamourizados feitos pelos outros. Nas minhas novelas, prefiro enfeitar. Não vou mostrar a prostituição do jeito que é porque acho que para isso já existe o Jornal Nacional. Dentro das possibilidades da ficção, acredito que a prostituição mostrada na novela tem muito a ver com a nossa realidade.

PERGUNTA: Em uma entrevista, você disse que já tinha retratado diversas classes em suas novelas e as únicas que não reclamaram de algo foram os empresários corruptos e as prostitutas. Está aí o motivo para colocá-las no centro da história?

BRAGA: (Risos) Foi por acaso que escolhi falar das prostitutas e não porque elas não me aborreceram. Mas realmente é uma loucura. Você coloca uma enfermeira na novela, vem a associação das enfermeiras reclamar. Você coloca determinado profissional na história, vem alguém dizer que não é daquele jeito. Todo mundo quer ver o seu representante perfeito na TV, sem defeitos. Se for assim, como é que a gente vai fazer tramas? Ninguém pode errar na história?

PERGUNTA: A cobiça é outro tema que você pretende enfocar. Há alguma intenção de alertar as pessoas?

BRAGA: Acho que a novela também tem o papel de alertar, mas isso vem sempre em segundo plano. Nossa primeira função é entreter. Se for possível, é claro que passamos idéias bacanas, que podem ajudar as pessoas. Tento passar algumas mensagens e reflexões, sim. Mas não quero ser chato.

PERGUNTA: Alessandra Negrini interpretará gêmeas em Paraíso Tropical. Esse recurso da gêmea boa e da gêmea ruim já foi usado por outros autores. Haverá novidade?

BRAGA: É muito complicado para mim falar sobre novidades, porque não vivo em busca de novidades no meu trabalho. A realidade é que não tenho tendência à originalidade, gosto mesmo do clichê. Acho até que fiz algumas coisas que foram consideradas novidades. Mas foi sempre por acaso, porque isso não é o meu alvo. Minha meta não é ser original, mas sim entreter. Por isso coloquei as gêmeas na história. Isso sempre foi muito fantasioso para mim.

PERGUNTA: Você afirma que cada ator foi escolhido a dedo. Por causa da gravidez de Cláudia Abreu, no entanto, as gêmeas passaram a ser de Alessandra Negrini. Isso muda muita coisa?

BRAGA: A Cacau ficou grávida, entra a Alessandra Negrini na novela e acho que vai ser bom para todo mundo. A Alessandra fará um papel que, a princípio, não era destinado a ela. Mas pelas cenas que já vi, acho que vai arrebentar. Não posso dizer que sinto a ausência da Cláudia Abreu. Ela está trazendo uma criança ao mundo e isso é bom. E a gente não escolhe tanto assim o que acontece na vida. Sinto a ausência da Joana Fomm, que não pôde integrar o elenco por motivo de doença. A Vera Holtz veio para o papel e achei bom, porque nunca tinha trabalhado com ela.

PERGUNTA: Você já afirmou que é um ‘autor de patota’. Mas Malu Mader, sempre presente em suas novelas, ficou de fora desta vez...

BRAGA: Não tinha uma personagem com a cara da Malu nesta novela. As pessoas vão perceber isso no decorrer da história. Mas ela será protagonista da novela das seis e estou felicíssimo.

PERGUNTA: Em Paraíso Tropical a história do casal de homossexuais terá destaque?

BRAGA: Os homossexuais são coadjuvantes, não têm uma trama ou história própria. Tudo pode mudar no decorrer do caminho, mas no caso deles acho difícil. Porque quando a gente escreve uma novela, é armado um esquema. E só mudamos esse esquema se alguma coisa der errado. Aí pode ser que o casal gay vá tapar algum buraco de uma trama que não deu certo. Mas inicialmente eles apenas influem na história dos outros. Achei que era bacana mostrar um casal gay bem aceito por todos os outros personagens. Estou fazendo um carinho na auto-estima dos gays para eles se verem bem representados.



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