Oito bebês de dragões de Comodo devem eclodir a qualquer momento no zoológico de Chester, no Reino Unido, de ovos postos por uma fêmea virgem, Flora. A explicação: estes répteis são capazes de se reproduzir por autofecundação, anunciaram biólogos em entrevista que será publicada na edição desta quinta-feira da revista científica Nature.

Originários da pequena ilha indonésia que lhes emprestou o nome e de algumas outras terras vulcânicas vizinhas, ameaçados de extinção, os dragões de Comodo são os maiores lagartos do mundo, podendo superar os três metros.

Em cativeiro, eles foram objeto de um programa internacional de preservação da espécie, lançado em 1998 no parque francês de Thoiry, na região parisiense.

Os bebês-dragões, descobertos por análise de DNA extraído de três ovos chocos (apodrecidos) entre os onze ovos fecundados de um grupo de 25 colocados por Flora, revelam que esta espécie talvez pratique o que se denomina de partenogênese: eles se autofecundam e produzem, de alguma maneira, clones de si próprios. A eclosão de oito bebês resultantes dessa imaculada concepção é aguardada para janeiro de 2007.

"A partenogênese constitui um fenômeno não reconhecido até então pela gestão genética das populações ameaçadas", ressaltam os pesquisadores. Eles se perguntam, entretanto, se esta reprodução não pode levar ao nascimento de indivíduos de porte físico reduzido e a um risco maior de extinção.

Entre os dragões de Comodo selvagens, a partenogênese pode representar uma tábua de salvação, permitindo a uma só fêmea, não fecundada, fundar uma colônia dentro da qual a reprodução sexual pode ser retomada em seguida mas, evidentemente, entre indivíduos aparentados.

Há apenas 4 mil dragões de Comodo vivendo na natureza, dos quais talvez menos de mil fêmeas adultas.