Para os mais antigos da cidade, um ícone da década de 1970 e 1980. Grande estrutura, palanque eleitoral e ponto de referência para quem buscava produtos de qualidade são lembranças dos bons tempos. Para os mais jovens, uma estrutura totalmente abandonada. É dessa forma que o Mercado Municipal de Santo André é visto atualmente por quem vive no município.

Quem passa pelo mercado, localizado na Avenida Santos Dumont, 371, vê pela frente cenário composto por paredes pichadas, vidros quebrados e telhas velhas. Na parte interna a situação não é diferente. Ao entrar no local de aproximadamente 5.200 m² o silêncio toma conta dos corredores que, com a maioria dos boxes fechada durante a manhã, amarga escassez de clientes.

Responsável por abrigar 240 boxes, o espaço conta hoje com a maioria deles fechada, após terem se tornado meramente depósito para armazenamento de mercadorias. A equipe do Diário encontrou ao longo da semana apenas sete boxes abertos para atender clientes de varejo.

Há 16 anos no local, o comerciante Pedro Damião, 56 anos, diz que sente falta do movimento de antes. “Antigamente tinha público. Depois que fizeram a Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André), isso aqui piorou. Não tem mais o que as pessoas procurarem. O meu comércio não sofre tanto, pois fico do lado de fora e faço assistência técnica na casa do próprio cliente.”
Outro lojista do local, Nilton Veres, 64, ressalta a dificuldade que os mercados têm enfrentado na região. “Só um funciona bem aqui no Grande ABC, que é o do Rudge Ramos. Aqui já foi bom antes.”

Sem clientes e verba para revitalização, a marca do mercado acaba sendo um grande canteiro de obras. Enquanto alguns boxes estão fechados para reformas, outros aguardam manutenção com areia armazenada ao lado. O banheiro parece ser a grande dor de cabeça do lugar. O ambiente não oferece condições mínimas para atender ao público e quem trabalha nas instalações.

Apesar de ter no nome a palavra ‘municipal’, o mercado não é de responsabilidade da Prefeitura de Santo André, como muitos pensam. A propriedade pertence a um grupo de empresários com razão social Condomínio de Prédio Mercado Municipal de Santo André.

Em nota, a Prefeitura informou que apesar de “ter aberto uma licitação (1193/29.12 1956) para a construção de mercado na cidade, não existe nenhum vínculo. O que existe é um documento datado de 1967 que está registrado em cartório, em que os proprietários se comprometiam a passar as áreas coletivas e alguns boxes para a administração. Isso, no entanto, nunca ocorreu.”

Procurada pelo Diário, a administradora do Mercado Municipal Lúcia (a mesma não quis fornecer o sobrenome) informou que o local tem enfrentado dificuldades para captar verba que seriam usadas para futura reforma. Com isso, a estrutura amarga estado precário. Entretanto, ela ressaltou que já iria tomar providências em relação ao banheiro e que dentro de dois anos a situação do espaço estará diferente.

Durante a entrevista, a administradora optou por não dar mais detalhes sobre o espaço, pois seria negativo para a empresa.