Uma mulher que busca o status, quer estar próxima às pessoas com dinheiro e tem um casamento infeliz porque o marido é simples demais. Essas são as características de Leonora, personagem que Beth Goulart vai interpretar na próxima novela das sete da Globo, Três Irmãs, cuja estréia está prevista para setembro.

"É uma segunda Neli?", questionou a atriz quando recebeu a sinopse. Afinal, em Paraíso Tropical, de 2007, ela vivia brigando com seu marido Heitor, de Daniel Dantas, porque queria subir na vida. Mas as similaridades entre as duas figuras só servem para instigar Beth ainda mais. "Minha obrigação é fazê-las diferente. Estou pronta para isso, sei que vou estar bem amparada e desta vez tem uma dose de comédia que não existia na Neli", define a intérprete.

Na trama de Antonio Calmon, Leonora é casada com o italianão Orlando, personagem de Tato Gabus Mendes, e mãe de dois filhos interpretados por Cecília Dassi e Leonardo Carvalho.

O marido, apesar de bom homem, é um cara bronco. A filha engravida precocemente e o filho não prima pela inteligência. "Em meio a esse cenário, faço uma personagem que é uma frustrada no casamento, torna-se avó cedo demais e ainda tem de lidar com o filho meio burrinho", resume Beth.

Infeliz dentro de casa, a personagem não demora a procurar a satisfação fora dali. E, em uma cidade pequena como na que se passa o folhetim, nada melhor do que se envolver com o prefeito do local, papel de Aloísio de Abreu, como forma de conquistar prestígio.

"Sob influência da Violeta, de Vera Holtz, Leonora acredita que pode fazer o prefeito crescer e até se transformar em um presidente da República", conta Beth. A atriz revela que os personagens começam a ter sonhos eróticos um com o outro, até que não agüentam. "E os dois fogem", adianta.

Beth diz que não pretende conduzir a personagem de modo que as pessoas a vejam como uma carrasca. Apesar de falar de um jeito torto com os filhos e não enxergar o marido como o parceiro ideal, Leonora não toma as suas atitudes por maldade.

"Quero fazer uma mulher que apenas não encontrou o seu lugar e não se adequa à sua realidade", explica a atriz. Ela lembra ainda que na história Leonora já foi rica, e esse é um outro ponto importante que a diferencia da Neli, de Paraíso Tropical. "Leonora tem uma fineza natural que a Neli não tinha, mas queria ter", compara.

Teatro - Não são poucas as razões que fazem a personagem da novela de Gilberto Braga ainda estar fresca na memória de Beth. Neli foi sucesso de crítica e público, cresceu durante a trama, rendeu prêmios à atriz e um contrato de longo prazo com a Globo.

Beth, que sempre conduziu sua carreira mais intensamente no teatro, agora tem se esforçado para conciliar todos os compromissos. Mas não reclama, muito pelo contrário. "Com diálogo, dá para levar tudo numa boa", simplifica ela, que encerrou a temporada do espetáculo Quartett, em São Paulo, mas deve levá-lo para outras capitais do Brasil e cidades do interior nos próximos meses.

Piano - Tocando inúmeros projetos paralelamente, algumas coincidências no meio do caminho também tem ajudado. Como em breve ela deve filmar o curta-metragem Fantasia e Improviso, em que interpreta uma professora de piano, foi logo aprender a tocar o instrumento. E para sua surpresa, descobriu que em Três Irmãs ela também deve aparecer dando aulas de piano. "Achei legal. Não vou aparecer tocando maravilhosamente, mas é bom ter um embasamento", alegra-se a aplicada atriz.