Economia Titulo Crise
Indústria da região demite 20.550 trabalhadores em 2014

Número de cortes no Grande ABC equivale ao
fechamento de uma General Motors e duas Ford

Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
16/01/2015 | 07:07
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Divulgação


O ano de 2014 é um que os empresários da indústria não querem mais se lembrar. Em especial no Grande ABC, onde existe forte concentração da atividade automobilística, setor que viveu maus bocados no ano passado e ainda não se recuperou. As indústrias das sete cidades demitiram 20.550 profissionais ao longo dos 12 meses, volume que representa o total de trabalhadores na fábrica da General Motors em São Caetano, de cerca de 11 mil, mais o equivalente a duas Ford em São Bernardo, onde a montadora emprega 4.500 pessoas.

O montante de demissões é o maior de que se tem registro na região pelo menos desde 2008, ano em que eclodiu a crise econômica, e é o dobro dos cortes registrados em 2009, marcado pelo auge da turbulência. De lá para cá as indústrias do segmento amargam a perda de 37.742 postos de trabalho. As informações são de pesquisa do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) com suas associadas.

O baque não se restringiu à região, já que em todo o Estado houve a eliminação de 128,5 mil vagas em 2014, o pior resultado desde o início da série histórica, em 2006.

Entre as sete cidades, a maioria das demissões ocorreu em Diadema, com redução de 7.200 empregos (-13,14%). Na sequência vêm São Bernardo, com cortes de 6.050 postos (-6,36%); Santo André, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, com 5.750 a menos (-8,92%) e, por último, São Caetano, com 1.600 dispensados (-6,51%).

Na avaliação do diretor do Ciesp de Santo André, Emanuel Teixeira, esse cenário da indústria regional se deve ao crescimento do consumo que o governo estimulou no auge da crise, em 2009. “Houve um aumento na demanda, mas que não se sustentou. Endividada, a maior parte dos consumidores colocou o pé no freio, principalmente por não conseguir mais crédito, que tornou-se muito restrito. Ao mesmo tempo, para dar conta da demanda maior, as pequenas fabricantes, a exemplo das autopeças, também se endividaram para produzir mais. Sem contar que venderam com margem de lucro menor, conforme exigência das montadoras, devido à forte competição com os itens importados, estimulada pelo dólar baixo.”

O ano passado foi marcado por férias coletivas, lay-offs e PDVs (Programas de Demissão Voluntária) nas montadoras. Enquanto isso, as fornecedoras ficaram sem pedidos, já que a produção foi paralisada e os estoques seguiam em alta. Sem as mesmas ferramentas das grandes, as menores tiveram de cortar pessoal. “Para completar, a Copa do Mundo e a eleição reduziram mais o ritmo da economia. Muitas indústrias apostaram no campeonato e tiveram produtos encalhados. A falta de confiança generalizada só piorou a situação”, diz o diretor do Ciesp de São Bernardo, Hitoshi Hiodo.
 




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