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Até lá tem choradeira

Nesta semana pudemos celebrar a vitória do brasileiro Alan Fonteles

Por Carlos Ferrari
05/09/2012 | 00:00
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Nesta semana pudemos celebrar a vitória do brasileiro Alan Fonteles, em cima do fenômeno sul-africano Oscar Pistorius, que marcou sua história por, há poucos dias, ter disputado também uma Olimpíada, mesmo tendo que correr com duas próteses.

O cara não poderia chegar então na Paraolimpíada com um cartão de visita melhor. Contudo, nosso alagoano acabou com a festa do rapaz, com direito a quebra de recorde mundial e muita comemoração.

O tempero disso tudo foi a choradeira do sul-africano. Ontem, passeando pelo Twitter, li um post de Benjamin Back, conhecido jornalista esportivo aqui de São Paulo, comemorando a vitória de Alan e dizendo: "Até lá tem choradeira".

Olha que gancho bacana para quem quer falar sobre inclusão! Já que ele cruzou a bola, deixa eu tentar bater para o gol. Claro que lá tem choradeira! Pistorius ficou enfurecido com a derrota, e saiu reclamando aos quatro cantos que a prótese de nosso campeão era maior e isso fazia com que ele conseguisse dar passadas mais largas. O Comitê Paraolímpico Internacional rapidamente demostrou que era puro blá-blá-blá. O brasileiro teve que dar mais passos para chegar à frente do grande Pistorius, que mais tarde reconheceu a vitória de nosso garoto de ouro.

Final feliz por lá, voltemos aqui à nossa conversa sobre o post do grande Benja. Com a brincadeira, ele me permitiu reafirmar o óbvio neste texto, porém importante de ser lembrado, visto que por muitas vezes acaba sendo esquecido pela maioria da população. As pessoas com deficiência, acima de tudo são pessoas. Boas ou más, com caráter ou não, felizes e infelizes, ricas e pobres, saudáveis e doentes.

Em outra Paraolimpíada, lembro-me que houve um problema de dopping. Triste para os apaixonados por esportes como eu, mas duro mesmo foi ouvir de alguns que isso era um absurdo, porque de lá que deveria vir o exemplo. Loucura, não acham? Na era do conhecimento e da informação, não dá para a sociedade reduzir seu olhar para mais de 24% da população brasileira, considerando apenas duas possibilidades: 

1 - Dignos de pena, favor e cuidados; 

2 - Merecedores de admiração, reverência e idolatria. 

É claro que tem gente com deficiência que realmente dá dó. Já outros, anônimos ou não, merecem ser reconhecidos como grandes ídolos nacionais! A maioria, no entanto, é como tantos outros milhões de brasileiros. E vamos combinar que isso, por si só, já é coisa para caramba. 




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