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Justiça dá novo prazo para que rodoviários entrem em acordo
Fábio Munhoz
04/06/2011 | 07:01
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O Tribunal Regional do Trabalho deu mais uma chance para que trabalhadores e empresários entrem em acordo sobre as reivindicações da categoria, que resultaram na greve de ônibus na região, encerrada ontem. O relator do caso, Celso Furtado de Oliveira, suspendeu o julgamento que seria realizado ontem e deu prazo de mais dez dias para que as partes retomem as negociações e cheguem a um acordo.

Com o adiamento, fica suspensa a aplicação de multa diária de R$ 200 mil estabelecida pelo TRT na quarta-feira, caso os trabalhadores não colocassem nas ruas o mínimo de 80% da frota.

Sindicalistas comemoraram a decisão do relator, já que temiam que o reajuste fosse definido pela Justiça de forma unilateral. Na quinta-feira, a juíza Sônia Franzini havia proposto reajuste salarial de 7,8% (sendo 6,3% de reposição da inflação mais 1,5% de aumento real) e mais 6,3% de majoração no valor do tíquete-refeição. A proposta original dos empresários previa aumento de 8%, mais acréscimo de 10% no valor do tíquete, que também seria estendido ao período de férias.

A oferta contemplava também Participação nos Lucros e Resultados de R$ 450, mais bonificação de R$ 1.500 para profissionais que dirigem e cobram passagens simultaneamente. A reivindicação original era de que o reajuste fosse de 15%. Todos os outros itens haviam sido aceitos na assembleia de terça-feira.

"Estamos com esperança. A negociação recomeça do zero. Esperamos que os patrões, pelo menos, refaçam a proposta inicial", comentou o presidente do Sindicato dos Rodoviários do ABC, Francisco Mendes da Silva, o Chicão. O sindicalista reforçou que, desde a primeira assembleia, a diretoria orientou os trabalhadores para que aprovassem a proposta. "Com certeza tinha gente infiltrada aqui quando a paralisação foi aceita, por exemplo, os perueiros. Eles faturam muito com a nossa greve", avaliou. Chicão reconheceu que a diretoria saiu com a imagem enfraquecida após o movimento. "Quando se sai de uma proposta onde se tinha mais, para uma que tem menos, a categoria fica enraivecida, é normal."

Mesmo com a nova oportunidade, o sindicato patronal declarou que não retomará a primeira proposta. "Não tem condição financeira. Aquilo era um esforço supremo para não parar. A manutenção da proposta daquela forma é impossível" afirmou o gerente jurídico da AETC/ABC (Associação das Empresas de Transporte Coletivo do ABC), Francisco Bernardino Ferreira. Ainda não há data marcada para reunião entre as partes.

 

 

Justiça dá novo prazo para que rodoviários entrem em acordo

 

Os ônibus começaram a circular paulatinamente na manhã de ontem. Em Santo André e São Bernardo, empresas operavam com frota reduzida desde a madrugada. Depois da assembleia em Santo André que decidiu pelo fim da greve, o movimento dos coletivos se intensificou nas principais vias das duas cidades.

Em Mauá, a adesão de 100% dos trabalhadores deixou a população na mão até as 9h, quando os primeiros carros da Leblon começaram a deixar a garagem. A ideia era colocar as 18 linhas da empresa na rua ainda ontem, com pelo menos 80% da frota de 175 carros. Já no terminal de ônibus do Centro, motoristas e cobradores discutiam sobre os reajustes propostos pelos empresários na última reunião.

Os trabalhadores reivindicavam 15%, os patrões ofereceram 8%, mas não houve acordo e começou a greve. A Justiça sugeriu 7,8%, durante audiência de conciliação, proposta que não avançou. "Fomos obrigados pela empresa a voltar a trabalhar. Quero ver se vamos conseguir rodar sem ter quebra-quebra nos ônibus", disse um dos funcionários.

Meia hora mais tarde, começaram a aparecer os carros da Viação Cidade de Mauá.

O metalúrgico Silas Eliaquim de Medeiros, 22 anos, está afastado do trabalho por causa de um problema na coluna. Durante toda a semana, ele foi e voltou do médico, no Centro de Mauá, andando. São 40 minutos de caminhada por viagem, ou 15 minutos de ônibus.

Moradora do Jardim Independência, em São Bernardo, a dona de casa Ana Paula Antonieli, 21, teria de cancelar a consulta do filho no médico, caso a paralisação continuasse. "Acordei cedo para ouvir as notícias no rádio. Tive sorte que a greve acabou." (Bruna Gonçalves e Camila Brunelli)




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