Após 12 dias depois de confinamento total no Centro de Readaptação Penitenciária (CRP) de Presidente Bernardes (interior de São Paulo), o traficante Luiz Fernando da Costa (Fernandinho Beira-Mar) recebeu nesta segunda-feira a primeira visita e teve direito ao primeiro banho de sol. Ele passou cerca de 1h30 reunido com uma advogada e em seguida saiu algemado para passear pelo pátio da penitenciária – sem contato com outros presos.

A advogada Cecília Regina Machado tentou conversar com Beira-Mar pela manhã, mas só pôde ter contato com o cliente por volta das 14h. Antes da reunião com o traficante, a advogada relatou que trataria sobre uma tentativa de transferência para o Rio de Janeiro ou ao Distrito Federal. A defesa de Beira-Mar vai recorrer à Justiça Federal para tentar tirá-lo de São Paulo.

No recurso ao Supremo Tribunal Federal (STF), os advogados alegarão que a permanência de Beira-Mar longe do Rio dificulta o trabalho da defesa e o contato com familiares. "Ele tem muitos anos a cumprir e vai cumprir em um presídio normal, em que ele possa ser visitado pela esposa e pelos filhos", disse Cecília.

O traficante foi transferido para a penitenciária de Presidente Bernardes – conhecida como a mais segura do país – em 27 de fevereiro. No começo daquela semana, o Rio de Janeiro viveu uma onda de violência cujo comando o governo do Estado atribuiu a Beira-Mar, então detido em Bangu I. Atendendo a pedido dos governos federal e estadual do Rio, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) aceitou abrigar o traficante em Presidente Bernardes por 30 dias.

Rigidez - Além da primeira visita, Beira-Mar teve direito ao primeiro banho de sol da estada em Presidente Bernardes. Durante cerca de 1h30, ele passeou algemado pelo pátio da penitenciária. A partir de agora, as caminhadas ocorrerão de segunda a quinta-feira.

Outra advogada do criminoso, Patrícia Soares Queiroz, tentou visitá-lo logo depois da transferência para São Paulo, mas não teve sucesso. As conversas com advogados no CRP têm de ser agendadas e só ocorrem depois dos primeiros dez dias. O próximo encontro de Beira-Mar com um de seus defensores deve ocorrer em 17 de março.

Cecília reclamou da rigidez em Presidente Bernardes. "É complicado de entrar aqui. O detetor de metais é muito sensível. Tive de tirar tudo", afirmou a advogada, que se deslocou de Brasília para visitar o cliente. Ela e Beira-Mar não puderam conversar frente a frente. No presídio, a segurança impõe que detento e visitante conversem entre vidros e grades, por meio de um interfone.

"Aqui é disciplinar. Disciplinar", frisou a advogada, defendendo a transferência de Beira-Mar para uma cadeia "normal".