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Expresso Guarará encerra atividades

Empresa deixará de operar 15 linhas de ônibus
municipal, afetando cerca de 50 mil passageiros

Por Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
23/09/2016 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


 Após 16 anos de atividades na cidade, a Expresso Guarará, uma das operadoras do transporte público de Santo André, encerrará seus serviços no dia 30 de maneira abrupta. Sem qualquer aviso prévio para a Prefeitura e seus usuários, a empresa deixará de operar no fim do mês 15 linhas de ônibus municipais, que circulam na região da Vila Luzita, a exatamente dois dias das eleições municipais. Aproximadamente 50 mil passageiros devem ser afetados com a medida.

O pedido de paralisação das atividades entregue ontem para o Paço surpreendeu tanto representantes da administração municipal como integrantes do Sintetra (Sindicato dos Rodoviários do ABC). Embora a empresa estivesse passando por problemas administrativos e financeiros nos último meses, diretores em nenhum momento solicitaram ajuda da Prefeitura.

“Sabíamos das dificuldades da empresa, mas esse medida nos pegou de surpresa num momento às vésperas das eleições”, destacou o prefeito Carlos Grana (PT).

De acordo com o Paço, a administração municipal já solicitou a Expresso Guarará “um prazo maior para o término das atividades para que não haja prejuízo aos usuários do transporte público.” A expectativa é a de que com esta prorrogação o Paço consiga encontrar uma alternativa para manter a operação do sistema sem prejudicar os usuários.

No momento, a administração municipal estuda a contratação emergencial de uma nova empresa para assumir as 15 linhas operadas pela Expresso Guarará.

“O pessoal da SATrans (autarquia que gerencia o transporte em Santo André) já está estudando medidas para manter o serviço dessas linhas municipais. Pedimos um prazo maior para a Guarará para que possamos no início do mês que vem contratar uma empresa emergencial”, relata Grana.

De acordo com o secretário-geral do Sintetra, Leandro Mendes da Silva, a Expresso Guarará já vinha desde o início do ano dando sinais de dificuldade para manter sua operação. “Há meses funcionários estão tendo atraso no pagamento de salários. Neste mês o vale mesmo não foi pago. Fomos na empresa nesta semana e revertemos uma greve após a diretoria se comprometer a quitar tudo até sábado.”

A Expresso Guarará, que atua na região desde agosto de 2000 e possui cerca de 480 funcionários, tem acumulado desde a morte do seu fundador, o empresário Sebastião Passarelli, em 2014, série de processos judiciais.

No fim do ano passado, a empresa chegou a ser multada pela Prefeitura em R$ 17,8 mil pelo descumprimento de oferta de ônibus durante o período em que 14 coletivos foram apreendidos por falta de pagamento, em outubro de 2015.

Desde então, o Diário tem noticiado mudanças na direção da empresa. Em novembro, Claudinei Brogliato, sócio-administrador da Suzantur, firma que gerencia as linhas de Mauá, assumiu a gestão da empresa.

Logo após o episódio, Brogliato, como procurador da Expresso Guarará, conseguiu intermediar negociação para reaver os ônibus apreendidos pela Caruana Financeira.

Ontem, o Diário chegou a procurar representantes da Expresso Guarará na sede da empresa, mas ninguém foi localizado. No entanto, no Terminal da Vila Luzita, funcionários já davam sinais de descontentamento com a gestão da empresa. “Desde o início do ano o salário tem atrasado, mas precisamos do dinheiro, não podemos fazer nada. Da mesma forma que não podemos nos desanimar mesmo com esses rumores de falência”, declarou um funcionário que não quis se identificar.

Embora não tenha sido notificado oficialmente sobre o encerramento das atividades da empresa, o gerente geral da Aesa (Associação das Empresas do Sistema de Transportes de Santo André), Luiz Marcondes de Freitas Junior, destacou as dificuldades encontradas nos últimos meses no diálogo com representantes da empresa. “É lamentável ver que a operação da Guarará termine desse jeito. Desde a morte do fundador da empresa nenhum diretor deles tem mantido contato direto com nós, o que já mostrava sinais de problemas”, avalia.

 

TRABALHISTA

A expectativa do Sintetra e do Paço é a de que nos próximos dias sejam realizadas reuniões com a empresa para também solucionar questões trabalhistas. Em nota, a Prefeitura diz que quer medir junto à categoria “o cumprimento trabalhista dos funcionários neste momento de transição para a contratação de nova empresa em caráter emergencial”.

O secretário geral do Sintetra também destaca as negociações da categoria com a empresa. “Vamos lutar para garantir aos funcionários todos os seus direitos”, relata Silva.

 

PROPOSTAS

Ontem, prefeituráveis de Santo André comentaram o caso da Expresso Guarará.

Segundo o candidato e ex-prefeito Ainda Ravin (PSB), os problemas da empresa já eram antigos. “A Guarará já possui uma dívida enorme que não vem de agora. Tentei ajudar, mas o valor era muito alto”, destacou.

Paulinho Serra (PSDB), que durante a atual gestão também acompanhou a situação da empresa, destacou o rigor que a Prefeitura deve ter no processo de seleção da nova empresa. “É preciso fazer um contrato emergencial para preservar o atendimento desses usuários, mas que o Ministério Público acompanhe de perto tudo isso.”

 




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