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Matrículas do EJA aumentam 15% no Grande ABC

Levantamento da Abrinq aponta que o número de
alunos cresceu de 26.450 para 30.504 em um ano

Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
11/09/2016 | 07:00
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Anderson Silva/DGABC


Em um ano, o número de matrículas da EJA (Educação de Jovens e Adultos) no Grande ABC aumentou 15,33%. Os dados divulgados pela Fundação Abrinq mostram que a quantidade de estudantes inscritos no sistema passou de 26.450, em 2014, para 30.504 no ano passado. Segundo educadores, a alta na procura pelo serviço evidencia que os investimentos feitos no setor nos dois últimos anos já têm apresentado resultados, na prática.

Após dados do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) divulgados em 2014 terem revelado queda acentuada de 80,77% no número de matrículas na EJA entre 2003 e 2013 (caindo de 135,7 mil estudantes inscritos para 26,1 mil), municípios da região fizeram ao longo dos últimos anos uma força tarefa para impulsionar a população considerada analfabeta a retomar os estudos.

Na prática, gestores e movimentos educacionais realizaram mapeamento dos bairros com maior concentração de pessoas que se enquadravam no público do EJA e ampliaram a mobilização de educadores.

O levantamento feito pela Fundação Abrinq, por meio do Observatório da Criança e do Adolescente, mostra que após a efetivação dessas ações seis dos sete municípios do Grande ABC apresentaram alta no serviço no ano passado, com exceção de Rio Grande da Serra (confira tabela acima).

“Hoje podemos falar que o EJA conta com grade curricular totalmente voltada para este público. É um cronograma de aula que além de focar na alfabetização desses estudantes também visa ajudar todos a lidar com essa nova rotina, cada vez mais tecnológica”, relata a assistente pedagógica Maria Lucia Araújo Delama, do EJA Santo André.

O município, por exemplo, conta hoje com o EJA-FIC (Educação de Jovens e Adultos com Formação Inicial e Continuada), neste caso, os estudantes também têm opção de apreender profissão paralelamente a alfabetização. Há cursos em cinco áreas (Arcos Ocupacionais), que são: administração, alimentação, imagem pessoal, comunicação visual e construção civil. Ao escolher um deles, o aluno irá aprender quatro ocupações, cada uma com duração de seis meses.

“Hoje os estudantes que procuram o EJA têm dois motivos principais para retomar os estudos. O primeiro tem sido a exigência do mercado de trabalho, que muitas vezes requer, no mínimo, o Ensino Fundamental, e a outra são pessoas motivadas pelos filhos que hoje conseguiram fazer uma graduação e querem ver seus pais recuperando o tempo perdido”, analisa Maria.

O autônomo Lidio Teixeira de Sena, 65 anos, é um exemplo claro de que a retomada dos estudos pode proporcionar mudança significativa. “Comecei a trabalhar muito cedo, na roça. Com 13 anos já carregava sacos de 30 ou 40 quilos. Na época, morava em Ruy Barbosa (Bahia) e, para meu pai, estudar não era prioridade.”

Após abandonar o serviço na roça para buscar novas oportunidades em São Paulo, Sena começou a despertar novamente interesse pelos estudos. “Gosto muito de ler o livro sagrado (Bíblia), mas antes não o entendia. Foi aí que prometi para Deus que, com a graça Dele, um dia entenderia aquelas belas palavras. Hoje confesso que sou um novo homem. Embora ainda não entenda tudo, já posso dizer que compreendo boa parte da escritura”, diz, sorridente.

O mesmo caminho também foi trilhado pela dona de casa Josefa de Souza Reis Ferreira, 56. Para ela, a expectativa de melhoria de vida, em especial da posição no mercado de trabalho, foi um dos principais motivadores para retomar os estudos. “As empresas estão cada vez mais exigentes. Hoje até para fazer um curso precisamos ter o Ensino Fundamental. Voltei para retomar o trabalho e, quem sabe um dia, ler para meus netos.”

Levantamento com as prefeituras apontam que atualmente cerca de 97% da população dos sete municípios é alfabetizada. 




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