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Fundação Casa realiza gincana

Internos da Região Metropolitana participam de atividades para estimular a integração; profissionais destacam a importância do esporte

Por Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
18/01/2016 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


Uma gincana realizada entre as unidades da Fundação Casa na Região Metropolitana visa integrar adolescentes, funcionários e famílias por meio de provas envolvendo esportes e brincadeiras. A ação é promovida no período de férias, sendo que no Grande ABC participam os internos de Santo André e Mauá.

Cada centro recebeu um cronograma de provas que devem ser realizadas ainda neste mês e gravadas pelos diretores. Os vídeos serão enviados para a Gefesp (Gerência de Educação Física e Esportes) da instituição, que vai eleger a unidade vencedora.

A atividade pretende estimular valores como colaboração, respeito, atenção, confraternização e solidariedade. “Pensamos em tarefas com bastante integração e bônus se os familiares participarem. Um exemplo é a abertura, na qual eles se dividem em equipes, dão nome, grito de guerra e confeccionam mascotes. O professor de Educação Física vai elaborar circuitos e quem chegar primeiro ganha 50 pontos”, disse a coordenadora de Gefesp, Janaína Asprino.

Segundo ela, não há uma premiação para os vencedores, mas todos se comprometem e estão cientes da importância das provas. Ela destacou que a área de esportes é essencial para o resgate dos adolescentes.

“A maioria dos meninos tem o sonho de ser jogador de futebol. Quando a gente propõe outras atividades que eles não conhecem, todos se empenham bastante e dá para detectar alguns talentos. Mesmo assim, o futebol é algo que já faz parte deles”, explicou Janaína.

A equipe do Diário foi até a Fundação Casa 1, em Santo André, acompanhar a realização de duas provas. Em uma delas, os adolescentes confeccionavam uma alegoria para o Carnaval. A escolha dos internos foi um bruxo.

A maioria da fantasia foi confeccionada com material reciclável e os dedos ágeis e atentos dos meninos costuravam com prática o manto, além de adornos como cobras e ratos feitos com palha de aço.

Um jovem de 16 anos, que era responsável por esta parte da alegoria, afirmou que antes só costurava calça rasgada. A precisão dos pontos foi desenvolvida em oficinas dentro da unidade. Ele é morador de São Bernardo e foi apreendido por tráfico de drogas. “Aqui também fiz um curso de texturizar paredes. Hoje dou valor para a minha liberdade. Quero sair daqui, ajudar minha família, arrumar um emprego e escolher meu corte de cabelo.”

Já para outro interno de 16 anos, de Diadema e que também cumpre medida socioeducativa por tráfico, a atividade é de família. “Minha mãe é costureira. Quando ela vem me visitar e vê que estou me ocupando com cursos e coisas novas, fica orgulhosa”, disse.

Para outro adolescente de 17 anos e morador do núcleo Tamarutaca, em Santo André, a quadra é o melhor lugar da unidade. Isso porque de lá é possível avistar a sua casa, além de praticar o futebol. “Gostei muito de participar da gincana porque distraí a mente e faz com que a gente aproveite melhor o tempo aqui”, garantiu.

Ele, que foi apreendido por roubo de veículo, perdeu a mãe, que teve câncer, há dois anos e também uma irmã de 15 anos, que foi atropelada. O jovem recorreu ao roubo pelo desespero em ajudar o pai a manter uma casa com dez irmãos. “A lição que aprendi é ‘diga com quem tu andas, que direi quem tu és’. Quero terminar meus estudos e dar alegria para a minha família.”

O professor de Educação Física da unidade, Leandro Peixinho Santiago, reafirma a importância do esporte. “É aqui que eles mostram a personalidade. Se alguém é calmo, vai ser no jogo e vice-versa. Então trabalhamos isso.” 




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