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Justiça determina volta de
coletores ao trabalho

TRT julgou a greve abusiva e não garantiu
estabilidade aos grevistas; categoria manterá greve

Por Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
05/04/2014 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


O TRT (Tribunal Regional do Trabalho) julgou como abusiva a greve dos coletores de lixo do Grande ABC iniciada na segunda-feira e, em audiência realizada ontem, na Capital, determinou o retorno imediato dos trabalhadores ao serviço, sob pena de multa de R$ 50 mil por dia.

Os julgadores da seção de dissídios coletivos do TRT autorizaram a compensação dos dias parados – em até duas horas por dia –, porém não concederam estabilidade no emprego aos grevistas. “Há um ônus, um preço social que deve ser pago pela greve”, afirmou o desembargador Davi Meirelles.

A intervenção da Justiça foi necessária, já que não houve acordo entre o Siemaco-ABC (Sindicato dos Empregados em Empresas de Prestação de Serviços de Asseio e Conservação, Limpeza Urbana e Manutenção de Áreas Verdes Públicas e Privadas) – que pede 15,39% de reajuste salarial – e o Selur (Sindicato das Empresas de Limpeza Urbana no Estado de São Paulo) – cuja proposta de 10% foi acatada pelo tribunal. No aumento, estão inclusos os benefícios.

A região conta com aproximadamente 2.500 trabalhadores no setor. Atualmente, um coletor recebe R$ 1.013,84 e os varredores R$ 853,71, ambos sem considerar os benefícios, como vales refeição e alimentação.

O resultado do julgamento foi anunciado no fim da tarde de ontem, em assembleia geral que reuniu a categoria regional, na sede do Siemaco-ABC, em Santo André. “Decisão judicial se cumpre, não se discute. Nós não vamos fazer greve contra a Justiça. Orientaremos todos os trabalhadores a voltarem”, falou o presidente do sindicato, Roberto Alves da Silva. Porém, os cerca de 300 trabalhadores que estavam no local se revoltaram e bradaram que a greve continuará. Equipe responsável pela limpeza da cidade de Santo André disse que irá fazer protesto no Paço, na manhã de segunda-feira. Anteontem, o prefeito Carlos Grana (PT) recebeu em seu gabinete comissão de trabalhadores da coleta e varrição e se comprometeu a intermediar conversas com os demais prefeitos e empresários da área a fim de buscar solução para a reivindicação.

Em nota, o Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) informou que vai utilizar de todos os instrumentos legais para fazer cumprir a medida judicial. “As empresas já foram notificadas sobre a necessidade de cumprir o contrato e podem ser penalizadas”, frisou.

Com cinco dias de paralisação, as ruas de toda a região estão tomadas por lixo. As prefeituras têm mobilizado efetivo próprio para amenizar a situação, porém, o esforço não tem sido suficiente diante da quantidade de resíduos acumulados. As administrações pedem aos munícipes que evitem colocar o lixo nas ruas, até o restabelecimento total do serviço.

São Bernardo usa telemarketing para orientar moradores

Diante do caos instalado em toda a região com a greve dos trabalhadores da limpeza urbana, São Bernardo adotou o telemarketing como meio de orientação à população, durante o período de instabilidade. A gravação pede aos moradores que evitem colocar lixo nas vias e calçadas até o fim da paralisação. Segundo o Executivo, o município produz 750 toneladas de resíduos por dia.

A mensagem não agradou aos moradores. “Se juntar o lixo dentro da residência vou juntar também moscas, baratas... Melhor isso na rua do que em casa”, disse o auxiliar de limpeza Fernando Gomes da Silva, 52 anos, morador do bairro DER.

“Descarto, por dia, cerca de três sacolinhas de lixo. Em cinco dias de greve, serão 15 sacos. Já moro em lugar apertado, com crianças, como vou segurar tudo isso em casa? Não tem como”, falou o pintor Jorge Sacramento de Paulo, 45 anos, também morador do DER.

A Prefeitura tem disponibilizado equipes municipais e 30 caminhões para fazer a coleta emergencial na cidade. Com problemas para descartar os resíduos no aterro municipal de Mauá, já que, segundo as administrações de ambos os municípios, o acesso foi bloqueado pelos grevistas durante a semana, o material recolhido está sendo descartado no aterro sanitário de Caieiras. 




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