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China e Japão disputam vaga permanente no Conselho de Segurança
Da AFP
13/04/2005 | 13:27
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Mais do que a publicação de manuais de história japoneses considerados revisionistas pelos chineses, a candidatura do Japão à vaga permanente do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) é o que provoca a irritação do regime comunista, segundo os analistas.

"Os chineses buscam uma cobertura política para impedir que o Japão obtenha um cargo permanente", afirma Ralph Cossa, diretor do Centro de Pesquisas Internacionais Pacific Forum, com sede no Hawai. "A China quer evitar utilizar seu poder de veto, que seria como uma declaração de guerra para o Japão, e prefere servir-se da população para provar que 1,3 bilhão de pessoas são hostis à candidatura japonesa", acrescenta.

Apesar de Pequim insistir na "espontaneidade" das manifestações antinipônicas, que reuniram quase 30 mil pessoas no último fim de semana, não há dúvida de que o governo é o instigador ou, pelo menos em parte, o organizador do movimento, segundo os analistas.

A campanha de protestos e convocação ao boicote dos produtos japoneses continua na China, essencialmente pela internet, sem a intervenção da censura do regime comunista.

As autoridades chinesas consideram insuportável que o Japão obstine em sua recusa a apresentar desculpas pelas atrocidades cometidas por seu exército na China antes e durante a Segunda Guerra Mundial.

Na terça-feira, o premier chinês, Wen Jiabao, manifestou violentamente sua oposição à candidatura de Tóquio ao Conselho de Segurança. "Apenas um país que respeita a história, assume a responsabilidade do que aconteceu e ganha a confiança do povo da Ásia e de todo o mundo, pode assumir maiores responsabilidades na comunidade internacional", disse Wen Jiabao em Nova Délhi, durante uma visita oficial à Índia.

O chefe de Governo chinês aproveitou a oportunidade para reiterar seu apoio à Índia, outro postulante a um assento permanente no Conselho de Segurança, ao lado de Alemanha e Brasil.

O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, deseja que a questão da ampliação do Conselho de Segurança seja solucionada em setembro. Portanto, a China corre contra o tempo em sua ação antijaponesa.

Esta nova crise entre China e Japão começa a preocupar a comunidade internacional. "Os candidatos a vagas permanentes no Conselho de Segurança devem ouvir realmente sua região e garantir que não utilizarão seu cargo para ajustes de contas", disse Mark Malloch Brown, diretor de gabinete de Kofi Annan ao 'Financial Times'.




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