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Metalúrgicos perdem sindicalizados
Michele Loureiro
Do Diário do Grande ABC
20/04/2009 | 07:18
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Os sindicatos da região que representam metalúrgicos vão na contramão dos números positivos do País, que contabilizam aumento na filiação de sócios. Com as dificuldades apresentadas pela indústria automobilística frente a crise econômica mundial, diminui os trabalhadores filiados diminuiu nos últimos seis meses.

O número de sócios de sindicatos no País foi na contramão dos dados da região e cresceu 13%, de abril a dezembro do ano passado, passando de 4,285 milhões para 4,838 milhões, segundo último levantamento do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego). No período de oito meses, 553.362 trabalhadores se associaram a sindicatos.

Os seis principais sindicatos da região atendem uma base de 221,3 mil trabalhadores. A PEA (População Economicamente Ativa) das sete cidades é de 1.345 milhão de pessoas. Isso significa que aproximadamente 17% dos trabalhadores da região são filiados a um sindicato.

Demissões - Com a onda de demissões ocasionada pela crise econômica mundial nos últimos meses, - segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) há 165 mil desempregados na região - houve queda no número de sindicalizados.

No caso do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, a principal perda foi ocasionada pela não renovação dos contratos dos 1.633 funcionários temporários da GM (General Motors) . "Cerca de 90% desses trabalhadores eram filiados ao sindicato, por isso, nosso número de sócios caiu bastante", explicou Aparecido Inácio da Silva, o Cidão, presidente do sindicato.

Atualmente, a base da entidade é de 14 mil trabalhadores. "Nosso percentual de sócios era de 70%, mas nos últimos meses houve queda e agora temos o patamar de cerca de 60%", contabilizou Cidão.

No Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André, que representa 20 mil funcionários, a situação é similar. "Perdemos cerca de 1.000 filiados nos últimos meses devido a onda de demissões. Mas um fato é certo, assim que esses trabalhadores conseguirem um novo emprego, voltam a ser sindicalizados", enfatizou o presidente, Cícero Firmino, o Martinha.

Representando os funcionários de São Bernardo, Diadema, Mauá, Rio Grande da Serra e Ribeirão Pires, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC tem uma base de 98,3 mil trabalhadores, 30,3 mil deles atuando diretamente nas montadoras da região.

O índice de sindicalização é um dos maiores do País e alcança 77%. No caso dos trabalhadores de montadoras é ainda maior e fica em torno dos 88%. A entidade explicou que ainda não é possível mensurar se houve queda no número de filiados, pois necessita compilar os dados e cruzar informações com o MTE.


Adesões cresceram entre os Químicos e Borracheiros


Segmentos como químicos e borracheiros foram na contramão dos efeitos negativos da crise econômica mundial e conquistaram sócios na região.

No caso do Sindicato dos Químicos do ABC, que tem uma base de 40 mil trabalhadores e 20,5 mil filiados, o fenômeno de aumento de sócios surpreendeu o presidente Paulo Lage. "Em tempos de crise esperávamos que o número de sócios tivesse diminuído, mas um levantamento interno apontou que cresceu 2,7%", contabilizou o presidente.

Mesmo com a demissão de aproximadamente 1.000 funcionários do setor de transformação de plástico, o número de filiados é positivo. No período compreendido entre outubro de 2007 e março de 2008, 796 colaboradores se filiaram ao sindicato. Entre outubro de 2008 e março de 2009, período do epicentro da crise econômica mundial, 818 funcionários se filiaram.

"Isso demonstra um trabalho contínuo de captação de sócios, aliado com a confiança que o trabalhador tem na entidade. Afinal, temendo demissões, muitos funcionários se filiam como forma de proteção", justificou Lage.

Borracheiros - O Sindicato dos Borracheiros da Grande São Paulo e Região, representa uma base de 25 mil trabalhadores. O índice de filiação é alto e fica na casa dos 88%.

Desde agosto do ano passado, o sindicato contabilizou 1.377 adesões e também vai na contramão dos metalúrgicos da região. "O clima de incerteza faz com que o poder do sindicato se fortaleça, pois os trabalhadores recorrem a nós como forma de garantia do emprego", explicou Marcos Antônio da Silva Bernucio, secretário-geral do sindicato.

Transportes - O Sindicato dos Rodoviários e Anexos do ABC, com uma base de 24 mil trabalhadores, tem índice de sindicalização de 50%. "O cenário externo não afetou muito nosso setor, por isso, não temos grandes oscilações de entrada e saída de sócios", explicou o diretor Oswaldo da Silva.




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