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Reforma no Carlos Gomes fica para a próxima gestão

Segundo secretário de Cultura, crise afetou captação de recursos da iniciativa privada

Por Natália Scarabotto
Especial para o Diário
04/07/2016 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


Promessa de campanha do prefeito Carlos Grana (PT), o projeto de reforma do Cine Teatro Carlos Gomes, na região central de Santo André, permanece no papel. A reabertura do local estava prevista para este ano, mas o processo ainda está em fase de captação de recursos.

A proposta de reformar e modernizar o prédio foi feita em 2013 e logo inscrita na Lei Rouanet (8.313/1991), que incentiva o investimento em projetos culturais. Na época, a Prefeitura deu previsão para que as obras fossem concluídas até junho de 2016. Entretanto, a aprovação na Lei Rouanet só saiu em janeiro deste ano. “Diante das circunstâncias nas quais pegamos o espaço e a situação do município (no começo da gestão), optamos por utilizar o caminho do investimento privado para não necessitar de recursos municipais. Acabou demorando mais do que imaginávamos”, afirma o secretário de Cultura do município, Tiago Nogueira (PT).

Ainda de acordo com ele, mesmo com a aprovação pela Lei Rouanet, a situação política e econômica atual do País são barreiras. “Muitas empresas que contatamos, não toparam o investimento. A crise afeta diretamente porque, por exemplo, não há clima para pedir recursos das empresas estatais”, diz.

A alternativa que está sendo estudada é fazer o projeto em partes, com recursos financeiros do FID (Fundo de Interesses Difusos), do Ministério da Justiça e do Proac (Programa Ação Cultural), do governo estadual. O investimento total está estimado em R$ 10 milhões.

O prédio está fechado desde 2008, quando foi interditado pela Defesa Civil por problemas estruturais. De acordo com o secretário, a única obra feita no cine teatro foi emergencial (no valor de R$ 432 mil). “Mexeram no prédio antes e causaram vários problemas. Estava com risco de desabar e, para evitar isso, arrumamos o que era necessário: acabamos com infiltrações e escoramentos e reconstruímos o telhado”, diz. Tais danos foram causados por obra incompleta feita pelo ex-prefeito Aidan Ravin (PSB).

MOVIMENTO

O Cine Teatro Carlos Gomes sempre foi importante referência cultural para Santo André e seus habitantes, que buscaram se envolver em assuntos ligados ao local. Em 2013, a população apresentou e discutiu propostas sobre a reforma em audiência. Depois, o projeto final seria levado ao público, o que não chegou a acontecer.

A arquiteta e professora adjunta da UFABC (Universidade Federal do ABC) especialista em Planejamento Urbano e Regional Silvia Helena Passarelli foi uma das participantes do movimento. “Depois daquela reunião, nunca mais entraram em contato com a gente. Entendo que a reforma demora e agora estão captando recursos, mas falta transparência.”

Silvia também participou do Movimento SOS Carlos Gomes, que organizou diversos protestos, no ano anterior, para impedir as reformas do ex-prefeito Aidan Ravin (PSB), que não tinha a aprovação do Comdephaapasa (Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arquitetônico-Urbanístico e Paisagístico de Santo André). A autorização é necessária porque, desde 1992, a estrela símbolo da fachada e o telhado são tombados.

PROJETO

O projeto atual visa transformar o local em arena multicultural moderna, com capacidade para 600 pessoas e acessibilidade. O telhado, as paredes laterais e o arco da fachada serão mantidos na forma original. Já a parte interna será equipada com cadeiras retráteis, que poderão ser recolhidas para receber diferentes tipos de eventos.

“Vamos transformar o Cine Teatro Carlos Gomes em um dos mais modernos do Brasil. Depois de tantos anos fechado, o lugar merece isso. Quando estiver pronto, vai ser um programa para as famílias de Santo André, referência de cultura na cidade”, garante Tiago Nogueira. 




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