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Uma casamenteira profissional
15/02/2008 | 07:09
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O que se pode esperar da enésima comédia romântica americana? Talvez um pouco de originalidade, quem sabe alguma coisa de simpatia e charme? Pode ser. Mas isso é que não vai se encontrar em Vestida para Casar, de Anne Fletcher, que estréia hoje no Grande ABC e em São Paulo.

A heroína é uma casamenteira típica, arroz-de-festa de todas as cerimônias. Jane (Katherine Heigl) foi dama de honra de todas as amigas e, por isso mesmo, tem um guarda-roupa onde conserva nada menos do que 27 vestidos de cerimônias anteriores (daí o título original, 27 Dresses).

É apaixonada pelo patrão (Edward Burns), mas este nem parece notar a sua existência. Para complicar, a irmã de Jane, uma modelo vivida pela fisicamente estupenda Malin Akerman, disputa as atenções do boss. Enquanto isso, um repórter de matrimônios, Kevin (James Masrsden), fareja em Jane uma boa matéria para a edição de domingo.

Afinal, quer coisa melhor para um jornal de fofocas do que uma contumaz testemunha da felicidade alheia que não consegue desencalhar?

Com esses ingredientes, até que daria para construir uma boa comédia. O que não acontece porque logo o enredo se torna previsível e as tiradas não parecem muito originais. Do ponto de vista cinematográfico, não há nunca o que esperar desse tipo de filme. Parece TV na tela grande e o “clima” é devidamente inspirado nas sitcoms, as séries que viraram febre na televisão a cabo. Aliás, a protagonista é a estrela também da série Grey’s Anatomy, o que deve contribuir para a empatia do público que a conhece.

Katherine protagonizou também Ligeiramente Grávidos, de Judd Apatow, comédia tão bobinha como esta Vestida para Casar. Claro, ninguém está pedindo QI de física quântica ao autor de uma comédia romântica. Mas também se poderia fazer um esforço para agradar ao espectador médio e alérgico à mesmice, ou não? Comédia é arte difícil, como se sabe. Exige surpresa, o que implica originalidade.

Para não dizer que não há nada de interessante no filme, sobra a seqüência em que Kevin e Jane atolam o carro onde estavam, buscam refúgio num bar, acabam tomando umas e outras e indo um pouco além das conveniências. É engraçado. E, exatamente por ser uma exceção, essa seqüência de cenas aponta para o principal defeito do filme: ele é certinho demais para ser bom. Família demais, cheio de medinho de parecer politicamente incorreto, ou ácido com a moral e os bons costumes. Ousasse mais, seria bem mais legal. Optou pela caretice.



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