Toda polêmica em que se envolveu na eleição para presidência da Câmara de Diadema renderá dor de cabeça ao PR. Integrantes do governo Lauro Michels (PV) vão marcar, para depois do período de festas, reunião com o presidente municipal do PR e secretário de Transportes, José Carlos Gonçalves, para cobrar explicações das mudanças de postura dos republicanos Luiz Paulo Salgado e Reinaldo Meira, que ameaçaram apoiar a oposição no pleito interno, mas recuaram de última hora e aderiram à campanha do governista José Dourado (PSDB).

O alto escalão do Paço não escondeu descontentamento porque Zé Carlos sempre pregou que tinha comando total do partido. Segundo alguns secretários, o dirigente republicano utilizava esse fato para iniciar pressão por maior espaço ao PR na administração. Apenas três partidos têm secretários indicados na Prefeitura: PSDB, PRB e PR. Desses, somente republicanos chegaram a assinar a chapa de oposição na eleição para presidência do Legislativo, projeto encabeçado por Célio Boi (PSB) e endossado por toda a bancada petista.

Um dos mais ressabiados é o secretário de Educação e chefe de Gabinete, Marcos Michels (PV). Ele é quem lidera o movimento por cobrança a Zé Carlos e o bloco do PR na Casa, formado por quatro vereadores – além de Meira e Luiz Paulo, Talabi Fahel e José Zito da Silva, o Zezito, fazem parte da ala (os dois ficaram todo o tempo ao lado do candidato do Paço). O verde, nos corredores da Prefeitura, já reclamou do fato de Zé Carlos ter colocado cargo de secretário à disposição se Meira e Luiz Paulo não votassem em Dourado.

Na terça-feira, Zé Carlos disse que a falta de experiência política de Meira e Luiz Paulo, ambos de primeiro mandato de vereador, pesou. Entretanto, ressaltou a fidelidade do PR ao governo Lauro, já que, apesar da turbulência, votou em bloco em Zé Dourado, diferentemente de outros partidos da base, como PMDB e PSB, que migraram para o projeto oposicionista.

Maninho critica frase de Zé Carlos

Presidente da Câmara de Diadema e um dor articuladores da candidatura de oposição na eleição ao Legislativo, Manoel Eduardo Marinho, o Maninho (PT), disparou contra o mandatário do PR municipal e secretário de Transportes, José Carlos Gonçalves, que, a despeito da divisão no pleito legislativo, disse que o partido tem fidelidade ao governo de Lauro Michels (PV). “Ele é cara de pau ao falar isso. A palavra fidelidade tem de passar longe deste rapaz.”

Maninho contava com votos dos republicanos Reinaldo Meira e Luiz Paulo Salgado em Célio Boi (PSB) para ver a oposição novamente triunfar sobre o governo na eleição ao comando da Casa. No fim de 2012, Maninho e Zé Carlos estavam no mesmo barco para derrotar a administração – o petista foi eleito com três votos da bancada do PR.

O vereador lembrou que Zé Carlos não apoiou candidatos do PR na eleição de outubro, optando por pedir votos ao deputado federal eleito Alex Manente (PPS) e a Regina Gonçalves (PV), que fracassou na busca por cadeira na Assembleia Legislativa. “Eu morri de rir quando vi que ele se considera um cara fiel ao governo. Ele apoiou o Alex e a Regina, não pediu voto para nenhum candidato do PR.”

“Se não houvesse interferência direta (do governo) os dois vereadores do PR (Meira e Luiz Paulo) não teriam votado no Zé Dourado. O próprio Zé Dourado sabe disso”, adicionou Maninho. Meira e Luiz Paulo foram pressionados pelo Paço a recuarem na adesão à campanha da oposição.