Setecidades Titulo Mobilidade
Linha 18 terá menor intervalo

Sistema de sinalização vai permitir que o tempo
de espera entre os trens seja de até 90 segundos

Fabio Munhoz Do Diário do Grande ABC
01/01/2015 | 07:00
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Fábio Munhoz/DGABC


A Linha 18-Bronze do Metrô (Djalma Dutra-Tamanduateí), que ligará São Bernardo à Capital por meio de monotrilho e que deverá começar a ser construída neste ano, contará com tecnologia de sinalização capaz de reduzir o headway (intervalo médio entre trens) para até 90 segundos. Em sistemas convencionais, conhecidos tecnicamente como blocos fixos, o headway costuma variar de três a cinco minutos. Outro objetivo do modelo é aumentar a segurança e diminuir os custos operacionais.

Chamada de CBTC (Controle de Trens Baseado na Comunicação, na tradução do inglês), a tecnologia supervisiona a localização e a velocidade das composições de acordo com as condições de tráfego. Para isso, sensores e emissores de ondas de rádio são instalados ao longo da via e estações e se comunicam com o trem, por meio do VOBC (computador de bordo). As informações são transmitidas ao CCO (Centro de Controle Operacional). Todo o sistema é automatizado e, por esse motivo, os veículos rodam sem maquinista.

Em novembro, a equipe do Diário viajou a Toronto, no Canadá, e conheceu o centro de excelência para o CBTC da Thales, uma das principais desenvolvedoras do modelo no planeta e possível fornecedora da sinalização na Linha 18. Lá, equipes técnicas fazem todas as simulações antes de iniciar a instalação. A companhia francesa é responsável pela tecnologia em 56 linhas em todo o mundo. A primeira a contar com o CBTC foi o SkyTrain, de Vancouver, construído em 1986. Em São Paulo, o conceito já é utilizado na Linha 4-Amarela (Luz-Butantã).

No CCO, os operadores recebem todas as indicações sobre a movimentação dos trens. Se uma composição para ou reduz a velocidade, o tráfego das demais é automaticamente adequado conforme a necessidade, evitando o risco de colisões e otimizando o fluxo. Como o controle possui alto grau de precisão, os trens podem circular a uma distância menor entre si, o que possibilita diminuição do headway e, consequentemente, aumento da capacidade de transporte. Em Londres, depois da instalação do CBTC nas linhas Jubilee e Northern, a oferta de veículos cresceu cerca de 20%.

O diretor de Sistemas de Transportes da Thales Brasil, Thomaz D’Agostini Aquino, explica que “a primeira grande diferença do CBTC é a maneira de proteger os trens”. No sistema de blocos fixos, a liberação das composições é feita em saltos, ou seja, em áreas pré-definidas. Assim, o veículo só pode adentrar uma zona depois que o outro liberar o local completamente. “O problema é que o tamanho do bloco é definido com base no pior trem, o mais lento ou com pior frenagem. No CBTC, a única coisa que é preciso saber é a velocidade de uma composição específica e suas características de frenagem e aceleração. Então, é feita uma máscara de proteção que se desloca conforme o movimento.”

Como a área de segurança é definida conforme as características individuais dos trens, a empresa operadora pode utilizar tipos diferentes de veículos, o que facilita a compra e permite que a oferta de espaço varie conforme a demanda de cada horário. Por exemplo: nos horários de pico, as composições podem rodar com oito carros. Nos momentos em que o fluxo de passageiros é menor, o trem pode circular com quatro ou seis carros.

Segundo Aquino, além da eficiência, o CBTC proporciona mais segurança operacional. “Na Thales, dos nossos 56 sistemas e nos 27 anos que temos, nós registramos zero incidente, o que é menos, até, do que acidente”, garante. Um dos principais fatores que justificam a confiabilidade é a total automatização, sem interferência humana. “Alguns sistemas tradicionais permitem, por exemplo, que o operador avance o sinal vermelho de um cantão para o outro. Essa é uma situação que pode gerar incidente operacional, uma vez que o movimento dos trens não se encontra em modo automático, controlado pelo CCO.”

OBRAS

A construção da Linha 18-Bronze deve ter início no primeiro semestre deste ano. O contrato para execução do empreendimento foi assinado em agosto do ano passado entre o governo paulista e o consórcio ABC Integrado, composto pelo grupo Primav – do qual fazem parte a empreiteira CR Almeida e a EcoRodovias –, e pelas construtoras Cowan e Encalso. A obra custará R$ 4,26 bilhões, sendo R$ 1,92 bilhão investido pelo poder público e outra parcela igual injetada pela iniciativa privada. Outros R$ 407 milhões serão destinados a desapropriações em cerca de 203 mil metros quadrados de imóveis.

Com 15,7 quilômetros de extensão, a Linha 18-Bronze terá 13 estações e, além da Capital e de São Bernardo, passará por Santo André e São Caetano. A demanda prevista para o início da operação, em 2018, é de 314 mil passageiros por dia, chegando a 342 mil depois de cinco anos. O sistema será operado por 26 composições, compostas por cinco carros cada uma. A capacidade aproximada de cada veículo é de 800 pessoas.

*O jornalista viajou a convite da Thales 




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