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Região se mobiliza por desabrigados

Rede de solidariedade promovida por moradores do Grande ABC fez ontem série de ações para ajudar famílias atingidas pelo temporal

Aline Melo
Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
13/03/2019 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


 Se o temporal que atingiu a região, no início desta semana, pode ser considerado uma das maiores tragédias vivenciadas pelo Grande ABC nos últimos anos, a onda de doações vinda de todas as partes das sete cidades, que chega a todo momento em pontos de arrecadação, também impressiona.

Até ontem, mais de 30 postos de coleta se espalhavam por cidades da região, entre salões de igrejas e pontos montados pelas próprias administrações municipais.

Em São Caetano, na Paróquia Sagrado Coração de Jesus, no bairro São José, além da distribuição de 400 colchões, roupas e produtos de higiene pessoal entregues a quase 600 pessoas, outras 2.400 refeições foram distribuídas a famílias que ainda buscam se recuperar dos danos causados pela enchente no bairro.

Desabrigada após a tragédia, a empregada doméstica Selma Souza, 40 anos, foi uma das moradoras que recorreram à rede de solidariedade em busca de mantimentos. “Só consegui salvar meu colchão. De resto perdi tudo, sem essa ajuda estaria na rua, pedindo as coisas”, desabafou.

Na Igreja São João Batista, no Rudge Ramos. em São Bernardo, cerca de 3.000 peças de roupas e calçados foram arrecadadas, além de alimentos, produtos de limpeza e higiene para ajudar famílias afetadas no bairro e na região da Vila Vivaldi. A dona de casa Julia Maria de Jesus, 62, moradora da Rua Marabá, deixou de lado a limpeza da garagem do prédio onde mora, que também foi atingida, para colaborar com os donativos da igreja. “Sempre ajudo nas campanhas aqui. Agora é para nossos vizinhos mais próximos”, destacou.

O chef de cozinha Ângelo Marson preparou ontem 45 quilos de macarronada e estava distribuindo nas ruas da Vila Orlandina, em São Bernardo. Acostumado a atuar em ações sociais, Marson se sensibilizou com a situação dos munícipes. “Tenho um conhecido que tem uma loja aqui perto, a gente se solidariza”, afirmou. A expectativa era servir 150 refeições. Por volta das 14h, 80 já haviam sido distribuídas. “As pessoas ficam gratas, mas muitas têm vergonha de aceitar a ajuda”, comentou.

A partir de hoje, 1.335 garrafas de água mineral, aproximadamente 770 mil litros, serão distribuídas aos sete municípios. Os donativos foram arrecadados pelo Consórcio Intermunicipal do Grande ABC.

Na USCS (Universidade Municipal de São Caetano), o Centro Especializado em Psicologia realizará atividade emergencial para acolhimento e escuta de vítimas das enchentes. O serviço estará disponível a partir de hoje, das 9h às 12h, na Rua Santo Antônio, 50, no Centro da cidade, e se estenderão até o dia 30.

 

Enchentes aumentam risco para leptospirose

O alto volume de chuva registrado no início desta semana traz uma preocupação extra a moradores que residem próximos a pontos de alagamentos: a leptospirose. A doença, transmitida por meio do contato da urina de rato com a pele, pode acometer quem caminhou ou nadou na água contaminada que saiu de rios e córregos durante a tempestade, além de áreas com esgoto a céu aberto.

O contágio, na maioria das vezes, ocorre através de pequenos ferimentos presentes no corpo. Quanto maior ele for, o risco se eleva. Segundo a médica veterinária e mestranda em epidemiologia experimental aplicada às zoonoses Stefanie Sussai, para evitar esse risco o ideal é não andar por trechos alagados por enchentes.

“Temos muitas áreas com esgoto a céu aberto. E todo esse contexto de lixo na rua contribui com a proliferação de ratos. Todo mundo tem responsabilidade em relação a isso. Tanto poder público quanto habitantes da região”, considera a especialista.

Para evitar contágio da doença, a médica veterinária explica ainda que alimentos que entraram em contato com a água devem ser imediatamente descartados.  




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