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Temporal deixa região submersa e ilhada
Renan Fonseca
Do Diário do Grande ABC
01/12/2010 | 07:20
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Hoje é o primeiro dia da Operação Verão, executada pela Defesa Civil das sete cidades. Pelos problemas que o Grande ABC sofreu ontem com a chuva, os trabalhos estão atrasados. Em quase duas horas, o aguaceiro paralisou o trânsito, prejudicou comércio, deixou ainda mais lento o transporte público e inundou córregos e piscinões (construídos para armazenar o excesso pluviométrico).

Os transtornos históricos são provocados pela falta de políticas integradas, coordenação de trânsito e a inexistência de um sistema regional de monitoramento de chuvas - que pode custar R$ 5 milhões ao ano, de acordo com a Fundação Centro Tecnológico de Hidráulica, órgão estadual.

Às 16h20, as pistas centrais da Rodovia Anchieta, na altura do km 13, em São Bernardo, foram tomadas pela água. O nível começou a baixar somente no fim da tarde, por volta das 18h30. Santo André, São Caetano e Mauá também tiveram vias inundadas e intransitáveis. A falta de agentes para orientar o trânsito e a inexistência de rotas de fuga tornaram os motoristas reféns dos alagamentos.

A situação mais crítica foi na Avenida dos Estados, na altura do número 5.852, em Santo André. Carros ficaram ilhados, o trânsito parado e um motorista teve de ser socorrido por frentistas de um posto de combustível. Os bombeiros não conseguiram acessar o locar e os funcionários se amarraram a uma corda para chegar até o veículo.

 

ALAGADOS

 

O presidente do Consórcio Intermunicipal, Clóvis Volpi, estava preso no trânsito da Avenida dos Estados quando atendeu a equipe do Diário, por volta das 20h. Aumentar o número de piscinões aliviaria as ruas do Grande ABC das águas pluviais, de acordo com Volpi.

O governo estadual já acenou com interesse de construir mais equipamentos. O ‘X' da questão é verba. "O Estado apontou áreas para construir os piscinões. Para isso as prefeituras têm de arcar com desapropriações", argumentou o presidente do Consórcio.

Volpi também defendeu que as cidades devem investir juntas no transporte público. "Para resolver o problema do trânsito, temos de melhorar o transporte. As ruas não suportam o número de carros que estão rodando", ressaltou.

Enquanto os programas prometidos há décadas pelo poder público não saem do papel, os transtornos devem piorar a cada ano.

Ontem foi apenas uma pequena amostra do que está por vir. A avaliação é do professor de Engenharia Civil da UFABC (Universidade Federal do ABC) Ricardo Sousa Moretti. Ele gastou duas horas do campus localizado na Avenida dos Estados, em Santo André, até a Pompéia, bairro da Capital.

Adepto ao transporte público, o engenheiro sofreu com a paralisação das linhas da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos). "Foi uma situação alarmante. Em 20 minutos de chuva, a Avenida dos Estados estava alagada", comentou. Para ele, as enchentes serão mais frequentes e de maior intensidade. "O Grande ABC não tem como fugir das enchentes sem que todas as prefeituras invistam juntas em drenagem", aconselhou.

 

 

Em Mauá, piscinão transbordou

 

 

O transbordamento de um piscinão no Paço Municipal de Mauá provocou enchente na Avenida João Ramalho, no Centro. O trecho atingido, de aproximadamente 300 metros, ficou intransitável por cerca de duas horas. A inundação, que teve início por volta das 17h30, provocou congestionamentos em todo o corredor que liga Santo André a Mauá. O trânsito só voltou a fluir após às 19h30.

O alagamento atingiu o estacionamento da Prefeitura. Cinco carros ficaram parcialmente submersos, com a água chegando a cobrir os pneus. Uma concessionária de automóveis em frente ao Teatro Municipal foi invadida pela água, que também cobriu parte dos veículos. No local atingido estão sendo executadas obras de acesso ao Trecho Sul do Rodoanel.

Pedestres e motoristas que passavam pela João Ramalho afirmaram ter sido surpreendidas pela magnitude da inundação. “Moro aqui em Mauá desde que nasci e é a primeira vez que vejo uma enchente dessas”, afirmou o operador de caixa Wallace Cerqueira, 18. O morador, que trabalha em Santo André, disse demorar geralmente 45 minutos para ir da empresa até sua casa. “Hoje (ontem) demorei duas horas para vir a pé até aqui, pois o ônibus parou.” Os trens da CPTM também ficaram parados, voltando por volta de 18h30.

Durante o tempo em que o trânsito ficou parado, a equipe do Diário não presenciou nenhum agente de trânsito ou guarda-civil municipal orientando os motoristas sobre possíveis rotas alternativas. “Fui pego de surpresa, não sabia que ia estar assim. Se soubesse que iria estar deste jeito, pegaria outro caminho”, protestou o economista Gaspar Vieira, 64, que voltava de viagem e acessou a cidade pela Avenida Jacu- Pêssego. (Fábio Munhoz)




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