Para muitos no Brasil, o futebol americano chega por meio da televisão. É pelos aparelhos de tubo, plasma ou LCD que futuros fanáticos pelo esporte acabam descobrindo que o jogo da bola oval é muito mais que mera pancadaria.

No entanto, já existem também os espectadores iniciados e que podem se sentir incomodados com muita explicação para os iniciantes. Lidar com essas variáveis é um desafio. "Para que a base de público aumente e cada vez mais pessoas se interessem é preciso fazer uma transmissão didática, que explique o básico das regras, porque é muito mais difícil gostar de uma coisa que você não entende, então as pessoas precisam entender a partida", conta Everaldo Marques, narrador dos canais ESPN.

O futebol americano é um jogo muito pegado nas estatísticas, com números para tudo, algo que o público não está tão acostumado. "Isso acontece porque é um duelo complicado. Esse monte de estatística é crucial para explicar e analisar um confronto. Mas o público é o brasileiro e temos que mostrar a importância disso tudo", afirma o comentarista Paulo Antunes, dos canais ESPN.

A partida não ganha espaço só na televisão. Um número crescente de praticantes e um público fiel motivaram a ida às bancas de uma revista-guia do esporte para esta temporada. "Não posso citar números, mas posso dizer que é um mercado muito carente e que o pioneirismo agradou", diz Paulo Mancha D'Amaro, comentarista do canal BandSports e um dos responsáveis pela publicação.

Apesar de toda essa tendência de subida, o próprio D'Amaro deixa um aviso importante: "De repente, por todo lado surgiram times, campeonatos, gente vendendo coisas, blogs etc.. Há um lado bem óbvio nisso, mas um grande risco de queimar a imagem do esporte. Só para dar um exemplo, algum tempo atrás, convidaram o BandSports para cobrir um torneio. Quando a equipe chegou, vimos juízes de chinelo, gente bebendo cerveja à beira do campo. É preciso seriedade."

Tanto D'Amaro quanto Marques afirmam se interessar pelo jogo por meio das transmissões esporádicas da Rede Bandeirantes no fim da década de 1980. O próprio D'Amaro, em seu site, descobriu que a TV Tupi chegou a passar alguns duelos em gravações. Será que um dia o esporte ainda volta para a TV aberta? "Ainda há muito espaço para crescimento, difícil prever onde isso pode chegar. Parcerias com clubes de futebol como Portuguesa, Corinthians e Coritiba também são um caminho para o crescimento", acredita Marques.