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Empreendedor abre negócio sem crédito privado e oficial
Niceia de Freitas
Do Diário do Grande ABC
10/07/2004 | 17:50
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Apesar dos programas do governo de incentivo ao microcrédito, 56% das verbas que financiam o empreendedorismo no Brasil são de recursos próprios, por meio de um dinheiro que tenha acumulado como verbas rescisórias, poupança ou venda de algum patrimônio. Também são provenientes de familiares, alguém que financia ou ajuda a compor o capital ou de pessoas do círculo de relacionamento pessoal do empreendedor. Os financiamentos de instituição financeira representam 26%, e de programas governamentais, 18%.

Esses dados constam do GEM Brasil (Global Entrepreneurship Monitor), um relatório que revela e analisa o perfil do empreendedorismo no Brasil e que também investiga a atividade simultaneamente em 31 países. O objetivo é proporcionar uma melhor compreensão de como estimular a atividade empreendedora, considerada essencial ao crescimento econômico. Por esse relatório, a TEA (Taxa de Empreendedorismo no Brasil) registrada neste ano foi de 12,9%, o que corresponde ao sexto lugar na classificação geral. De acordo com a pesquisa, em geral, os países mais pobres apresentam as maiores taxas de empreendedorismo. Esse índice vem apresentando uma trajetória decrescente desde o início da participação do Brasil no GEM. Em 2002, a TEA foi de 13,5%; em 2001, 14,2%; e em 2000, 21,4%.

Entre as principais dificuldades apontadas pelas pessoas que pretendem se estabelecer por conta própria estão o custo alto e a dificuldade de acesso ao capital. Há falta de microcrédito, capitais em pequena quantidade a baixo custo, e que sejam obtidos com facilidade pelos interessados com baixa renda. E o recurso que está disponível, muitas vezes, é imobilizado pela burocracia. Órgãos governamentais e instituições financeiras exigem garantias que, muitas vezes, não podem ser comprovadas, e, consequentemente, o recurso fica inacessível ao empreendedor.

Grandes – O estudo aponta ainda que os entrevistados consideram que o apoio financeiro e os incentivos fiscais estão estruturados para atender as grandes empresas. Os juros estão entre os mais elevados do mundo. Além disso, os bancos não possuem interesse em operar com pequenos negócios, principalmente nos estágios iniciais.

Outra barreira esbarra nas políticas determinadas pelos bancos. Muitas instituições financeiras oferecem crédito somente para quem comprove e tenha alguma atividade estabelecida, no mínimo, há seis meses. Na Caixa Econômica Federal, na linha de microcrédito, só existem recursos concedidos por meio do IMF (Instituto de Micro Finanças), credenciado. Atualmente, só a Casa do Crédito está operando esse sistema e não há expectativa para novos credenciamentos, segundo a gerente de mercado da Caixa no ABC, Angela Cristina de Macedo Oliveira. Os financiamentos são de, no mínimo, R$ 250 e no máximo, R$ 5 mil, com taxas de juros de 3,9% ao mês pelo período de um ano. Também é cobrada uma taxa de 3% do valor do crédito. “Mas são operações apenas para pessoas físicas que atuem no setor formal ou informal”, afirma Angela.

As sugestões analisadas em torno do estudo GEM Brasil apontam a necessidade de incremento da quantidade de capitais disponíveis e o seu barateamento. A educação também foi destaque nas propostas para impulsionar o nascimento de novas empresas. Em abril, o Banco Central havia liberado R$ 1,2 bilhão para programas de microcrédito. Mas menos de R$ 160 milhões (13%) chegaram ao bolso do consumidor.




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