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EUA teriam provas de que Al Qaeda age na Tríplice Fronteira
Do Diário OnLine
Com Agências
25/10/2001 | 05:20
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O jornal americano The Washington Times, citando fontes do Pentágono, afirma que o governo americano tem provas de que membros da Al Qaeda, organização terrorista do dissidente saudita Osama Bin Laden, estão agindo na região da Tríplice Fronteira, entre o Brasil, a Argentina e o Paraguai. Segundo o jornal, integrantes da Al Qaeda também estariam envolvidos com o tráfico de drogas na Colômbia. "Foi encontrada prova da presença de membros da Al Qaeda nessa terra de ninguém", assinalou o Times.

Os governos do Brasil e Argentina garantem que as suspeitas são infundadas. De acordo com as autoridades dos dois países, nenhum comunicado a respeito foi feito até agora pelos Estados Unidos. O Paraguai, até a tarde desta quarta, não havia se manifestado.

De acordo com Washington Times, a Casa Branca estuda a realização de operações secretas nas cidades de Foz do Iguaçu, no Brasil, Puerto Iguazu, na Argentina, e Ciudad Del Este, no Paraguai, nas fronteiras entre os três países.

Na região existe uma grande comunidade islâmica, e alguns de seus membros são considerados suspeitos de ter contato com organizações terroristas. Há indícios de que imigrantes tenham dado apoio aos atentados contra a embaixada de Israel, em 1992, e a associação judaica Amia, em 1994, ambas em Buenos Aires.

Uma fonte da chancelaria argentina disse que considerou a versão da suposta presença de ativistas islâmicos na região muito arriscada. "Temos que esperar que o Departamento de Estado americano nos apresente provas, pois não podemos nos guiar pelos jornais. Especulações sobre o tema podem ser feitas aos montes".

O ministro da Justiça do Brasil, José Gregori, reafirmou nesta quarta, em visita a Foz do Iguaçu, que não há indícios da presença de terroristas na região. Ele garante que os governos do Brasil, Argentina e Paraguai estão atentos a eventuais movimentações de células terroristas.

Gregori disse ainda que investigará declarações de brasileiros que levantaram suspeitas sobre vinculações de habitantes da cidade de Foz do Iguaçu com o terrorismo internacional, qualificadas por ele de "campanha discriminatória".

"Uma cidade inteira está sendo vítima de uma campanha discriminatória, quando não existe nenhum fato concreto ou potencial que justifique essas suspeitas", afirmou Gregori, para quem o que está acontecendo é "uma verdadeira caça às bruxas".

O prefeito de Foz do Iguaçu, Celso Samis da Silva, disse que 50% das reservas feitas por turistas que desejam conhecer as cataratas do Iguaçu foram canceladas pelo temor gerado pelas denúncias.

Gregori explicou que, assim como em todo o país, a vigilância na região de Foz do Iguaçu foi aumentada após os atentados de 11 de setembro nos EUA. Mas ao mesmo tempo ele apontou que muitas das denúncias recebidas não tinham fundamento, e que eram de gente que queria acertar contas pessoais ou políticas.

Foz do Iguaçu tem a segunda maior mesquita do país, e também o maior templo budista. "Quando se esperava que a cidade fosse reconhecida por uma co-existência pacífica de etnias e religiões, ela passa a ser vítima de uma campanha absurda".




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