O presidente da Bolívia, Evo Morales, ameaçou nesta sexta-feira expulsar a empresa brasileira de siderurgia EBX se não deixar o país voluntariamente, depois da acusação de transgredir a Constituição e as leis ambientais.

"A EBX só tem dois caminhos: abandonar voluntariamente o país ou ser expulsa pelo governo nacional", declarou Morales à imprensa local. O governante frisou que em todo o momento "vamos fazer respeitar o território nacional".

Os moradores da cidade de Puerto Suárez (no leste da Bolívia) realizam nesta sexta-feira um segundo dia de greve com interrupções nas estradas para pressionar o governo a dar licença de funcionamento à EBX, que pretende explorar uma rica jazida de ferro na região.

Para pressionar o governo, líderes locais tomaram como reféns entre quarta e quinta-feira três ministros de Estado, liberados ilesos quatro horas depois durante uma operação conjunta do exército e da polícia.

Segundo o governo, a empresa brasileira instalou sem licença dois fornos de fundição à base de carvão vegetal, como parte de um plano de exploração das jazidas de ferro de El Mutún.

'El Mutún' abriga 40 bilhões de toneladas de ferro e 10 bilhões de toneladas de magnésio, 70% das reservas do mundo, segundo os especialistas.

A população de Puerto Suárez iniciou na quarta-feira uma greve por tempo indeterminado e um bloqueio das estradas que provocou o fechamento da fronteira com o Brasil.

As medidas de força se estenderam para localidades vizinhas, como Quijarro e Arroyo Concepción, segundo um porta-voz oficial.

O procedimento de licitação, iniciado no governo anterior, foi freado pela administração Morales, que revisa também a licença ambiental para a instalação da empresa brasileira.