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‘Passei momentos inesquecíveis na cidade’
Por Do Diário do Grande ABC
08/04/2005 | 12:12
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Nem a distância conseguiu romper o laço que o técnico da Seleção Feminina de Vôlei, José Roberto Guimarães, criou com Santo André. O treinador deixou a cidade em 1980, quando se casou. Embora tenha se mudado para Santo André aos 13 anos, o treinador faz questão de ressaltar que a vivência na cidade foi fundamental para a formação pessoal e profissional. “Amo esta cidade. Aqui passei momentos inesquecíveis. Comecei a jogar vôlei, e conheci a minha esposa”, declarou o treinador que conquistou o tricampeonato brasileiro ao lado do Finasa/ Osasco no final de semana passado diante do Rexona Ades, do técnico Bernardinho.

DIÁRIO: Qual a importância de Santo André na sua vida?
ZÉ ROBERTO: Foi em Santo André que iniciei minha carreira no vôlei. Dei meus primeiros passos na modalidade aos 13 anos, em 1967, na categoria mirim. O primeiro clube que joguei foi o Randi EC (um dos primeiros times a defender a cidade no vôlei masculino). Na época, namorava uma menina que jogava na seleção do colégio em que estudava (EE Sérgio Milliet). Para ficar próximo dela, comecei a bater bola em frente ao cemitério da Vila Pires, que fica na frente da escola.

DIÁRIO: Nessa época, você já pensava em jogar vôlei profissionalmente?
ZÉ ROBERTO: Tomei gosto pelo esporte graças ao Valdebi Romani (técnico do Randi). Eu tive a sorte de pegá-lo como professor de Educação Física. Então, os alunos foram participar da escolinha da Prefeitura, que ficava no ginásio Pedro Dell’Antonia.

DIÁRIO: Você escolheu a carreira de técnico porque cursou Educação Física?
ZÉ ROBERTO: Não necessariamente. Eu jogava como levantador e nessa posição o jogador tem mais contato com o time inteiro. Ele é obrigado a se adaptar ao estilo de cada atacante, e por isso tem uma visão mais ampla de jogo. Daí, passa a ter com o treinador uma troca mais intensa. Está completa a corrente. Optei por cursar Educação Física para não ficar longe do esporte. Estudava na Fefisa (Faculdades Integradas de Educação Física de Santo André) pela manhã, trabalhava à tarde como professor da Prefeitura, e treinava à noite. Meu dia era esse: vôlei de manhã até a noite.

DIÁRIO: Desde então ...
ZÉ ROBERTO: Passei a respirar vôlei. Estudava pela manhã, treinava à tarde. E sempre que podia me reunia nos rachinhas de domingo no Aramaçan. Jogávamos cada um em um time, com os garotos que jogavam no juvenil e no adulto.

DIÁRIO: Você deixou muitos amigos em Santo André?
ZÉ ROBERTO: Ficaram bons amigos, que foram referência na minha formação. Como o Antonio Carlos Moreno, Décio e Elói Cattaruzi, entre outros. Nunca esqueço do saudoso Valdebi (Romani, falecido em 1997) e do Lázaro. Eles foram meus mestres, e contribuíram para que me transformasse na pessoa que sou hoje.

DIÁRIO: O vôlei de Santo André evoluiu com o início do Patrocínio da Pirelli, em 1979?
ZÉ ROBERTO: Joguei na equipe desde que era o Randi que defendia a cidade. Depois ficou só como Santo André, Metalúrgica São Justo e a Pirelli só veio depois. Já existia uma estrutura consolidada e a empresa trouxe outros jogadores que ajudaram o esporte a crescer ainda mais. Não só na cidade, mas também no Brasil.

DIÁRIO: Como foi atuar ao lado da equipe que conquistou a prata na Olimpíada de Los Angeles (1984)?
ZÉ ROBERTO: Um dos meus sonhos era jogar na seleção brasileira, e eles eram um espelho para os demais jogadores. Os atletas atuaram nos campeonatos internacionais, traziam o know-how de fora e ensinavam para a gente o que tinham aprendido. A nossa evolução se deu com esses jogadores (Zé Roberto já serviu a seleção brasileira, porém, foi reserva do levantador William).

DIÁRIO: Como surgiu o convite para assumir a seleção masculina?
ZÉ ROBERTO: Fui auxiliar técnico do Bebeto de Freitas em 1990. No ano seguinte, o Bebeto foi à Itália e fui convidado pelo (Carlos Arthur) Nuzman (presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, que na época era presidente da Confederação Brasileira de Vôlei) para ser técnico da seleção masculina adulta.

DIÁRIO: Você imaginava que a medalha de ouro viria de cara?
ZÉ ROBERTO: O objetivo era manter a colocação obtida na Olimpíada de Seul, em 1988. O vôlei masculino tinha ficado em quarto. Para nós, estava de bom tamanho. Em Barcelona, em 1992, os meninos provaram que eram de fato a geração de Ouro. Mas, na minha concepção, foi um passo maior do que a perna.

DIÁRIO: Por quê?
ZÉ ROBERTO: A meta era trazer a medalha na Olimpíada de Atlanta, em 1996. Mas não conseguimos. Esta foi a primeira frustração. Achei que conseguiria reverter o quadro em Atenas, mas não consegui. A frustração de perder a medalha na Grécia foi maior do que nos Estados Unidos. Porém, assumi a seleção feminina num momento difícil e há um ano dos Jogos. Agora, quero fazer um trabalho consistente e investir na formação de novos talentos.   




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