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‘Beleza Pura’ sofre com deslizes
Mariana Trigo
Da TV Press
12/04/2008 | 07:02
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Beleza Pura é um bem-sucedido mosaico de clichês. Desde a mocinha órfã Joana, de Regiane Alves, passando pela loura rica e má Norma, de Carolina Ferraz, e o pobretão Robson que vira milionário, vivido por Marcelo Faria, a trama da estreante Andrea Maltarolli não seduz por tipos originais. Eles praticamente inexistem na história.

No entanto, atrai pela costura bem-humorada entre as cenas, sempre recheadas de diálogos ingênuos, mas com a comicidade leve que o horário exige. O que parece ser mais do que suficiente.

Dentre os núcleos que mais se destacam, Zezé Polessa e Ísis Valverde, como a ex-chacrete Ivete e a aspirante a dançarina Rakelli, respectivamente, estão com um ótimo ritmo nas cenas de humor. Elas contam com um diálogo rápido, que exige um timing apurado para não cair na caricatura.

Ambas são velozes e perspicazes nos detalhes minuciosos de suas personagens. Obra também da direção geral de Rogério Gomes, que deu o tom descontraído para as cenas desde o início da trama, que manteve um ibope que varia entre 28 e 30 pontos de média, quase igual à trama anterior, Sete Pecados.

Para tentar alavancar a audiência do horário, o autor Silvio de Abreu, que supervisionou a fracassada Eterna Magia, foi escalado para orientar a novata em novelas. Como a intenção da emissora é voltar a se estabilizar com a média de 35 pontos no horário – o que não acontece desde Cobras & Lagartos, em 2006, que teve 38 pontos – Silvio também freqüentou os estúdios para acompanhar a tarefa dos diretores no início da história.

Com um time reforçado, a comédia parece ter virado território confortável para Andrea, que assinou o texto de Malhação por dois anos consecutivos. A autora trouxe para Beleza Pura o mesmo clima das paixões proibidas juvenis. No entanto, soa piegas o namoro às escondidas de Débora, de Soraya Ravenle, e Eduardo, de Antônio Calloni. Apesar da maturidade de ambos, e de cenas até engraçadas, é patética a abordagem infantil da relação. Menos crível ainda é a personagem da diabólica Norma, de Carolina Ferraz. Com suas habituais caras e bocas – repassadas de personagem para personagem ao longo de sua carreira – a atriz escorrega na interpretação da loura má.

Além dos textos e atitudes exageradamente insanas da personagem, falta coerência na condução da vilã e na atuação de Carolina. Sobra beleza e falta verdade. Vilania pura percorre o batido caminho maniqueísta. Apesar dos tropeços, a autora diz a que veio e mostra que está à vontade no horário.



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