Setecidades Titulo De volta à escola
Felipe retoma rotina escolar um ano após transplante

Morador de São Bernardo, de 5 anos, voltou à Emeb do Jordanópolis na tarde de sexta-feira, onde reencontrou amigos

Por Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
07/05/2017 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


Quatorze meses após ser submetido a transplante de medula óssea, a rotina do pequeno Felipe Martins, 5 anos, até então praticamente tomada por internações, sendo muitas delas em UTI (Unidade de Terapia Intensiva), finalmente dá espaço para atividades comuns às crianças, como é o caso da vida escolar. Na tarde de sexta-feira, o morador de São Bernardo retornou à Emeb (Escola Municipal de Educação Básica) Padre Manuel da Nóbrega, no Jordanópolis, para iniciar período de adaptação em sala de aula.

Devido à síndrome hemofagocítica, doença rara e autoimune no sangue, descoberta aos 3 anos, o garoto precisou se afastar da escola, ambiente para onde não via a hora de voltar, revela a mãe, a dona de casa Ana Paula Martins, 33. “Ele acordou muitas vezes durante a madrugada. Estava ansioso. Fez questão de checar tudo o que iria levar mais de uma vez. Fazia tempo que não o via tão entusiasmado. Às vezes, chamo-o para ir ao parquinho, mas ele recusa.”

Uniformizado e munido de boneco do Batman, tendo em vista que sexta-feira é o dia em que cada criança leva seu brinquedo favorito, Felipe chegou à porta da Emeb faltando poucos minutos para as 13h, acompanhado dos pais, bastante emocionados. Logo na calçada, o garoto foi recepcionado pela criançada, que já aguardava animada. Um deles, inclusive, Igor, 5, é amigo de longa data, desde a creche. “O Felipe chegou”, anunciou aos demais colegas.

O retorno à unidade de ensino somente ocorreu após autorização médica e sob recomendações básicas, tendo em vista que o garoto ainda sente fortes dores causadas por nódulos de gordura na coluna. Devido ao excesso de peso, consequência da alta dosagem de medicação, Felipe caminha com certa dificuldade. No entanto, dispensa a presença de cuidador específico. “A escola foi a maneira encontrada pela equipe médica para entusiasmá-lo a andar, porque ele precisa emagrecer, mas acaba ficando ansioso em casa e comendo mais do que deveria”, destaca Ana Paula.

Embora pudesse permanecer por até uma hora e meia na unidade de ensino, Felipe se cansou e, com dor, foi levado para casa após cerca de meia hora de aula. “Já era algo esperado, afinal ele se esforçou bastante. Não podemos esquecer que foram praticamente dois anos deitado em uma cama. Mas acredito que, com o tempo, os músculos serão fortalecidos e ele vai se habituar. Essa rotina, na verdade, faz parte do processo de cura”, acredita a mãe.

Questionado sobre o retorno à vida escolar, o garoto sorri e diz que foi “legal”. Felipe revela ter feito amigos, em especial duas meninas – Isabela e Cibele – e que pretende retornar amanhã aos estudos. “Ele chegou muito cansado, mas extremamente feliz. Pediu para dormir e disse que quando acordasse me contaria as novidades”, comemora Ana Paula.

O Diário acompanha a batalha travada por Felipe e pela família contra a doença e também pela garantia de direitos desde 2015. Após o conhecimento da patologia do filho, Ana Paula iniciou série de campanhas para ampliar a quantidade de pessoas cadastradas no Redome (Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea). Contudo, a ação enfrentou dificuldades burocráticas, já que, mensalmente, o hemocentro que atende a Região Metropolitana pode cadastrar apenas 1.100 pessoas.

A chance de paciente que depende de transplante de medula óssea encontrar doador compatível é de, em média, uma em cada 100 mil. Por isso, o cadastro de possíveis doadores se coloca como esperança na luta contra o tempo travada pelas famílias. No caso de Felipe, demorou três meses a busca por doador 100% compatível.

Quem quiser se cadastrar, basta se dirigir à Santa Casa de Misericórdia, localizada à Rua Marquês de Itu, 579, Vila Buarque, na Capital. O horário de atendimento é de segunda a sexta-feira, das 7h às 15h, e o telefone para contato é o 2176-7258. 




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