Palmeirense, amante dos estudos e popular. Esta é uma pequena descrição do tímido Pedro Correia, 13 anos, estudante do 8º ano da Emef (Escola Municipal de Ensino Fundamental) Leandro Klein, em São Caetano. Após poucos meses de estudo, ele conquistou o posto de melhor aluno de escola pública do Estado de São Paulo na Olimpíada Paulista de Física.

O lugar onde recebeu a premiação recentemente, inclusive, poderá ser visitado novamente pelo garoto daqui a alguns anos, pois ele pretende cursar Engenharia Mecânica no ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), na Capital.

Para superar 1.500 concorrentes da primeira fase e cerca de 150 da segunda, Pedro afirma “não ter feito nada demais”. “Professores conversaram antes comigo, falaram que precisava estudar bastante porque era difícil e tinham alunos muito mais bem preparados. Estudava cerca de duas horas normalmente. No último dia é que estudei mais, umas quatro horas durante a noite, para lembrar”, conta o jovem, que também conquistou medalha de bronze na Olimpíada de Matemática, em 2016.

Mesmo quando perguntado sobre o que gosta de fazer, o garoto frisa a palavra “estudar”. Fora isso, o futebol e o videogame são fatores atraentes. Quando se reúne com os amigos para estudar, brincadeiras acabam acontecendo. Atualmente, Pedro já começa a sentir os reflexos da conquista. “Algumas pessoas começaram a me tratar diferente, falar mais comigo”, diz, sorrindo e ressaltando que se tornou “um pouco mais popular” desde então.

O jovem sonha em viajar a Madri, na Espanha, e a Paris, na França, mas enquanto não é possível ele chega perto destes cenários por meio da Revolução Industrial, conteúdo que está aprendendo em História. Amante da Física, Pedro cita a astronomia como outro conteúdo que o agrada e o apoio que recebe da família. “Meus pais me incentivam a estudar, falam que é para me dedicar para poder trabalhar e ter bastante dinheiro”, afirma.

APOIO

A Emef Leandro Klein mantém, desde 2010, grupo de estudos de Física. Conta com 20 alunos nos 6º, 7º, 8º e 9º anos e é comandado pela professora Carina Kelly da Costa Souza. Uma vez por semana, durante 1h40, as duas primeiras turmas recebem conteúdos de base, enquanto alunos do 8º e 9º anos têm aulas avançadas.

Em maio e em junho, os alunos da instituição poderão participar das olimpíadas de Astronomia e Física. “A gente vê que o aluno quer aprender mais, mas na classe não podemos avançar tanto, pois é preciso respeitar o ritmo da turma”, pondera Carina. “No fim da aula está todo mundo brincando e o Pedro, resolvendo exercícios. Em cinco minutos responde tudo e traz para eu ver. Ele consegue se desconectar e fazer tudo certinho”, ressalta, orgulhosa, a docente.

Para o professor Rogério Peinado, responsável pela disciplina de Ciências Naturais, o ambiente leve é um dos segredos para o sucesso da escola. “Às vezes, as pessoas não entendem que aprender pode ser algo legal. Uma vez perguntaram ao Pedro se ele gostava de estudar. A resposta foi positiva. Se você perguntar se as pessoas gostam de aprender, talvez todo mundo diga que sim”, aponta.

A tentativa de propor aos alunos que apreciam o aprendizado vem sem a prerrogativa de sobrecarregá-los de estudos. O resultado normalmente aparece, mas não é a meta. “Passei uma música chamada Wind of Change, dos Scorpions, que fala a respeito da mudança dos ventos. Para o aluno aprender, preciso que ele fique sensibilizado e aberto. Se estiver assim, aprende qualquer coisa”, conta Peinado.