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Projeto pioneiro da FMABC no País completa 13 anos

Por Matheus Angioleto
Especial para o Diário
07/04/2017 | 00:00
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André Henriques/DGABC


 A destruição dermatológica causada pela quimioterapia em pacientes com câncer motivou a médica Dolores Gonzalez Fabra, responsável pelo Ambulatório de Reabilitação Dermato-Cosmiátrica para Pacientes Oncológicos da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), a iniciar no Grande ABC, há 13 anos, projeto pioneiro no País. Desde 2004, tratamento desenvolvido por ela e equipe devolve autoestima a pacientes – cerca de mil pessoas já foram submetidas ao método.

Datas como a de hoje, Dia Mundial da Saúde, ajudam na conscientização, mas ainda falta literatura médica sobre o assunto, assim como divulgação de estudos científicos, testes e demonstrações a especialistas sobre benefícios do tratamento conjunto (dermatologia e quimioterapia). Isso porque, em geral, dermatologistas evitam iniciar tratamentos durante a quimio ou radioterapia, com receio de interferir na terapia oncológica.

Mas a ideia do projeto é exatamente oposta à indicação. “Atendemos os pacientes durante o tratamento do câncer, período em que eles mais sofrem e estão sensibilizados. O suporte dermatológico minimiza efeitos colaterais, melhora a autoestima e o faz buscar forças para seguir em frente. Falta expandir esta cultura a outros lugares”, pondera a médica, que ressaltou a importância do trabalho conjunto que mobiliza mais de 20 profissionais entre dermatologistas, tatuadores e enfermeiras.

Encontro realizado para comemorar os 13 anos de projeto reuniu nesta semana, na FMABC, antigos e atuais pacientes, além de profissionais envolvidos no serviço. A iniciativa contou com palestras motivacionais, além de participação de especialistas em maquiagem, depilação e manicure, fundamentais no processo de cuidado e prevenção de feridas. Segundo dados apresentados no encontro, cerca de 14 milhões de pessoas são diagnosticadas com câncer por ano no mundo. Segundo estimativa do Inca (Instituto Nacional de Câncer), em 2016 foram 600 mil novos casos no Brasil. A OMS (Organização Mundial da Saúde) projeta que em 2030 serão 27 milhões de novos casos por ano no planeta.

Queda de cabelo e de sobrancelhas, ressecamento da pele, olheiras e micose são tratados como problemas simples. Uma vez resolvidos, mudam radicalmente a vida dos pacientes. “Antes, a preocupação era somente com a cura do câncer. Hoje, leva-se em consideração a qualidade de vida e o bem-estar destes pacientes antes, durante e após o tratamento oncológico. Enxergamos o paciente como um todo e procuramos dar assistência integral, minimizando sequelas físicas e emocionais”, ressalta Dolores, idealizadora e responsável pelo ambulatório da FMABC. Ela destaca que o paciente consegue lidar com o tratamento oncológico, mas na hora que perde o cabelo ou afins, ele se isola. “Com este tratamento, o diagnóstico passa a não ser uma sentença. Quando tem sequela menor ou consegue camuflar as alterações, ele consegue continuar trabalhando e se relacionando.”

Os pacientes que chegam à FMABC, normalmente, são encaminhados por UBSs (Unidades Básicas de Saúde) e hospitais da região. O Ambulatório de Reabilitação Dermato-Cosmiátrica funciona às quartas-feiras, das 13h às 17h, no campus universitário de Santo André. O ambulatório, que também inclui a parte estética, oferece técnicas de camuflagem e maquiagem aos pacientes.

Diagnosticada em 2016 com câncer de mama, a auxiliar de escritório Ana Maria de Lima Pereira Teles, 45 anos, pensou em desistir da quimio após o surgimento de alergia que tomava conta das pernas e braços. “A doutora Dolores imediatamente trocou a medicação que estava sendo usada, como o sabonete e hidratante. Com o passar da semana, as feridas sumiram”, lembra.

“Minha pele estava feia. Aqui eles levantam a sua moral e o negócio muda completamente. Você começa a se arrumar e a procurar informação”, ressalta Natalia Carelli, 73, diagnosticada com câncer de mama em 2001 e uma das primeiras pacientes do projeto, em 2004.




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