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Autismo: diagnóstico tardio compromete desenvolvimento

Por Vanessa de Oliveira
do Diário do Grande ABC
02/04/2017 | 07:00
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André Henriques/DGABC


Criada em 2008 pela ONU (Organização das Nações Unidas), o Dia Mundial da Conscientização do Autismo é celebrado hoje. A data tem como intuito chamar a atenção das pessoas para a importância de se conhecer e tratar o transtorno, que esbarra na dificuldade de diagnóstico. Isso porque muitas famílias e especialistas não conhecem os sintomas ou menosprezam os sinais. A demora impacta no desenvolvimento que a criança pode atingir.<EM>

Segundo levantamento feito pela Apraespi (Associação de Prevenção, Atendimento Especializado e Inclusão da Pessoa com Deficiência), entidade de Ribeirão Pires que atende 150 crianças e jovens com autismo das sete cidades do Grande ABC, 90% receberam atendimento com idade superior à recomendada – no máximo, 3 anos.

A mestre em distúrbios do desenvolvimento e coordenadora do Centro de Atendimento ao Autismo da Apraespi, Elisabete Fernandes Rodrigues Pereira, pontua alguns comportamentos que devem ser percebidos pelos pais. “A criança com 6 meses já faz muito contato visual, pega objetos e o explora. Já a criança com autismo não faz isso. Ela chora muito e fica irritada por tudo. A gente percebe esta irritabilidade na socialização”, explica.

“Ela pode até ter outras patologias associadas, mas a criança diagnosticada precocemente recebe a estimulação necessária, porque até o terceiro ou quarto ano, ela desenvolve muito potencial neuropsíquico”, acrescenta a especialista. A coordenadora estadual de arte e integrante da Federação das Apaes (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) do Estado de São Paulo, Simone Solador, concorda com a tese. “A intervenção precoce contribui para que a criança possa atingir pontos importantes do desenvolvimento, que fará diferença muito grande no momento da fase escolar e na vida adulta, para que tenha maior autonomia possível.”

EXPERIÊNCIA
Foi somente quando a pequena Maitê tinha 4 anos (hoje ela tem 5) que a dona de casa e moradora de Mauá Maria Cristina Lima da Cunha Correia, 34, conseguiu o diagnóstico da filha. A mãe lembra que até os 3 meses a filha era um bebê normal. “Depois, só chorava e não dormia. Passei com inúmeros pediatras, ela fez diversos exames e nada. Até 1 ano e pouco os médicos falavam que era manha”, conta.

No entanto, conforme o tempo passou, os movimentos ficaram repetitivos e a garota não queria ficar perto de ninguém. Os médicos continuavam achando que não havia problema, porém, a mãe não concordava. “Pesquisei na internet e tudo o que eu jogava lá, dava autismo. Consegui consulta com um neurologista e, em 2015, veio o diagnóstico”, recorda.

Maitê começou a falar com 1 ano, mas regrediu e ficou até os 4 anos e meio sem pronunciar nada. Ao conseguir uma vaga na Apraespi e receber atendimento especializado, a mãe já percebeu avanços. “Mas se não fosse a demora no diagnóstico, ela poderia estar muito à frente”, frisa.


Cidades possuem serviços voltados a autistas e a pais

As prefeituras da região oferecem atendimento às pessoas com TEA (Transtorno do Espectro Autista). Em Santo André, o Caps (Centro de Atenção Psicossocial) Infantil acompanha 50 crianças e adolescentes entre 2 anos e meio e 13 anos. Dependendo do grau de comprometimento, alguns casos são incluídos na rede intersetorial, a qual inclui escolas e atividades físicas.

São Bernardo atende 200 pacientes nos serviços de Saúde. A cidade disponibiliza grupos de estimulação para as crianças e de orientação aos pais. Em São Caetano, 250 pessoas são atendidas em cinco equipamentos: Caps, Usca (Unidade de Saúde da Criança e Adolescente), Ctnen (Centro de Triagem Neonatal e Estimulação Neurossensorial), Fundação Anne Sullivan e Apae.

Contudo, as administrações não possuem levantamento de quantas pessoas com autismo vivem nas cidades – as demais prefeituras nem ao menos retornaram as informações.

PROGRAMAÇÃO
Para celebrar o Dia Mundial da Conscientização do Autismo, atividades serão executadas hoje em dois municípios.

Em Santo André, famílias de pessoas com TEA se reunirão no Parque Central, às 10h. “É um encontro para conscientizar as pessoas sobre o que é o autismo, porque há preconceito”, fala o professor Antonio Ricardo Pirassoli Baez, pai de Felipe, 8, portador do transtorno.

A Prefeitura realizará caminhada, com concentração às 10h30, em frente à Estação Celso Daniel, até o Paço.

Em São Caetano, a Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência ou Mobilidade Reduzida promoverá ações lúdicas, a partir das 9h, no Heliponto do Espaço Verde Chico Mendes, em frente à Prefeitura. 




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