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Região possui 1.071 deficientes na ativa

Mercado de trabalho formal emprega 3,3% das pessoas com deficiência intelectual do País

Por Gabriel Russini
Especial para o Diário
02/04/2017 | 07:00
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No Grande ABC, 1.071 trabalhadores com carteira assinada possuem algum tipo de deficiência mental ou intelectual. Segundo informações da Rais (Relação Anual de Informações Sociais), realizada pelo MTE (Ministério do Trabalho e do Emprego), em todo o País existem 32.144 profissionais com esse perfil. Ou seja, 3,3% deles estão na região. Hoje, aliás, é celebrado o Dia Mundial da Conscientização do Autismo.

A aprendizagem profissional prevista no artigo 429 da CLT (Consolidação das Leis de Trabalho), porém, ainda é pouco utilizada para dar formação profissional às pessoas com deficiência. Existe enorme contingente passível de enquadramento legal e segurados reabilitados pela Previdência Social capaz de preencher várias vezes o atual número da cota.

De acordo com dados da Rais de 2015, 785.017 pessoas estavam trabalhando no mercado formal, isso significa que os profissionais com deficiência do Grande ABC representam 0,13% do total.

Quem realiza esse tipo de inclusão é o NAC (Núcleo de Arte e Cultura) da Universidade Metodista de São Paulo, por meio do setor de produtos artesanais do Campus Rudge Ramos, em São Bernardo. O setor foi criado em março de 2010 com o objetivo de capacitar e integrar pessoas com diversos níveis de deficiência cognitiva no mercado de trabalho. “Aqui eles são tratados como funcionários, recebem salário e são acompanhados por outros profissionais”, afirma a coordenadora do núcleo, Cláudia Cezar. O NAC possui duas turmas com 15 pessoas cada, uma que frequenta de segunda e quarta, enquanto a outra de terça e quinta, das 8h até as 12h.

Esses profissionais produzem artigos artesanais voltados ao reaproveitamento de materiais da própria instituição. Os produtos são distribuídos internamente em eventos e datas comemorativas, além de serem comercializados no Espaço Metô, loja que vende todos os produtos vinculados à universidade.

O Diário acompanhou de perto esse trabalho. No espaço, a maior parte deles possui síndrome de Down, e tem idades diversas, dos 20 aos 50 anos. Carinhosos, eles dizem ser muito felizes com o emprego, que é “melhor do que ficar em casa”. “Eu gosto muito de trabalhar com os meus colegas”, conta Luciana Romão, 37 anos. Robson Sobral, 27, não fica atrás. “Já fiz muitas coisas aqui, bloco para anotação, colar, pulseira. Minha mãe adora quando eu levo algumas coisas para ela”.

Além de fazer trabalhos manuais, aulas de teatro e passeios ao ar livre, os funcionários são engajados nas questões de sustentabilidade. Por isso, aprendem a reciclar papéis, caixas e outros materiais. Cláudia reitera que o objetivo da integração é prepará-los para a vida e não apenas para o trabalho. “Ficamos muito felizes quando vemos pessoas que trabalharam aqui em outros lugares. Significa que a inclusão foi benfeita.” Atualmente, a universidade conta com 85 funcionários que possuem deficiência intelectual, sendo que 30 estão nas produções artesanais, porta de entrada para outros setores da Metodista, a exemplo da área administrativa. 




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